Steve Vai: lenda da guitarra faz show mais do que especial na capital mineira

Confira a contribuição do Rodrigo ‘Monteiro’ Piolho para o Rock Master, falando sobre a mais recente passagem de Steve Vai por Belo Horizonte.

Em 1990, com apenas 30 anos de idade e tendo passado pelas bandas de Frank Zappa e David Lee Roth, o guitarrista Steve Vai gravou “Passion & Warfare”, seu segundo álbum solo e que catapultou sua carreira a um novo nível. Passados 25 anos desse marco, Vai decidiu seguir o que muitas bandas têm feito ultimamente e sair com uma turnê comemorativa, na qual toca “Passion & Warfare” do começo ao fim, na mesma ordem em que as faixas foram disponibilizadas no álbum.

A turnê comemorativa desembarcou no Brasil na última semana e, na sexta, 2 de junho de 2017, foi a vez de Belo Horizonte receber uma das lendas da guitarra mundial, acompanhado não só de uma banda bastante competente, como de alguns convidados mais do que especiais.

Passava pouco das 21h30 quando Vai adentrou ao palco para, com “Bad Horsie” (precedida por um pequeno vídeo do filme “Crossroads”, no qual ele interpreta um guitarrista a serviço do Diabo), iniciar uma apresentação que passaria das duas horas de duração. “Bad Horsie” foi seguida de “The Crying Machine”, “Gravity Storm” e “Tender Surrender”. Ao final desta última, Vai aproveitou para conversar com o público, fazer algumas de suas brincadeiras costumeiras – Steve é bastante carismático – e anunciar que a partir daquele momento, o seu álbum mais famoso seria tocado do início ao fim, e que haveria algumas surpresas para o público.

Não tardou muito para elas aparecerem. Em “Liberty”, primeira faixa de “Passion & Warfare”, Vai apresentou um vídeo onde ele e Brian May (que dispensa apresentações mas, caso você tenha vivido em Marte nos últimos 50 anos, é o guitarrista do Queen) faziam uma jam tocando essa música no início dos anos 1990. É até engraçado comparar o visual de Vai daquela época e de hoje.

A segunda participação especial se deu em “Answers”, quando foi a vez de Joe Satriani e Vai interagirem em um vídeo pré-gravado, que Steve quis dar a entender que era ao vivo, algo que, obviamente, logo se provou falso. O show continuou, com seu grande momento sendo “For the Love of God”, uma das músicas mais famosas de Vai, talvez perdendo em notoriedade no Brasil apenas para “I Would Love To”, que, sendo tema de um programa esportivo de uma emissora de TV, soa familiar mesmo para quem nunca ouviu falar do guitarrista. Em “The Audience is Listening” foi a vez de John Petrucci (Dream Theater) aparecer em vídeo para fazer uma improvisação ensaiada com Vai.

A partir daí a execução de “Passion & Warfare” seguiu sem maiores surpresas. A última aparição especial se daria justamente após o encerramento do álbum, quando um vídeo do começo dos anos 1980 mostrava Steve Vai ao lado de Frank Zappa e a banda no palco mandava uma versão para “Stevie’s Spanking”. A ela seguiram-se “Racing the World” e “Fire Garden Suite IV – Taurus Bulba”, completando um setlist com 21 músicas e, como dito acima, praticamente duas horas e vinte minutos de duração.

Tecnicamente, Steve Vai e sua banda, composta por Dave Weiner (guitarra), Philip Bynoe (baixo) e Jeremy Colson (bateria), são perfeitos em cima do palco. Steve abusa de sua técnica e virtuose típicas, mas dá espaço para todos os demais membros terem seus momentos solo, nem que sejam por alguns segundos apenas. Ao contrário de muitos músicos de sua estirpe, Vai não é aquela pessoa que parece querer monopolizar as atenções 100% do tempo e interage bastante com o público, tornando uma apresentação que poderia ser meio chata pelo fato de se constituir apenas de música instrumental, em uma experiência bastante divertida.

Vi Steve Vai em 2013 e então ele teve bem mais espaço para abusar de seu carisma. Mas essa interação menor com o público foi apenas um porém, em uma apresentação praticamente perfeita e mais uma grande passagem, a terceira, de Steve Vai por Belo Horizonte. E, esperamos, não seja a última.

Como não podia deixar de ser, nossos agradecimentos a Márcio Siqueira e sua MS BHz Produções pela parceria com a Rock Master, que nos proporcionou a cobertura desse evento.

Confira as fotos do show (fotos: Alexandre Guzanshe/Divulgação):