Epica no Brasil! Simone Simons ao Rock Master: ‘A energia que os brasileiros têm é incomparável’

Mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!

Em março os holandeses do Epica retornam ao Brasil para a maior série de shows da banda por aqui. Em ocasião da turnê, que tem como objetivo a divulgação do álbum “The Holographic Principle, lançado em 2016 e do EP “The Solace System”, de 2017, o Rock Master teve a oportunidade de bater um papo via Skype com a vocalista da banda, a adorável Simone Simons. Na entrevista, cuja integra você lê abaixo, ela falou sobre diversos aspectos interessantes a respeito da banda, de sua vida pessoal e, claro, do longo relacionamento do Epica com o Brasil. Confira:


Rock Master: Olá, Simone. Tudo bem com você?
Simone Simons:
Eu estou bem. E você?

Rock Master: Tudo bem. Como foi a primeira parte da turnê?
Simone Simons:
Oh, fantástica. Nós estivemos na Europa, na Ásia, na América do Norte, no México, tocamos em festivais. Então é nossa maior turnê mundial de todos os tempos.

Rock Master: Legal. Hoje em dia, com essa era da informação na qual vivemos, você faz um show num dia e, no dia seguinte, há vídeos daquela apresentação em tudo quanto é site da internet. Com isso em mente, ainda é possível surpreender sua plateia?
Simone Simons: Ah, sim. Eu acho que o áudio nesses vídeos é uma porcaria, é muito ruim. Além disso, há a energia do show que você não pode capturar em um vídeo. E o show verdadeiro é muito diferente, é algo onde você precisa estar para vivenciar.

Rock Master: Vocês levam isso em conta quando planejam o setlist para uma turnê?
Simone Simons: Não, não me preocupo com isso (risos).

Rock Master: Com relação ao Brasil. Vocês vêm aqui bastante, inclusive fizeram seu primeiro Epica Metal Fest [15 de outubro de 2016 em São Paulo] aqui. O que faz com que vocês continuem vindo pra cá? São os fãs, a caipirinha, o pão de queijo que você adora? Qual é o fator de atração do país para vocês?
Simone Simons: São exatamente essas três coisas (risos). É, nós adoramos os fãs daí, a comida… Os caras adoram ir a churrascarias para comer carne e eu adoro a cultura, é tudo muito colorido, as pessoas são muito legais e os fãs, durante os shows, vão à loucura. Nós ficamos bastante mimados quando fazemos shows no Brasil e, quando voltamos pra Europa, é bem, “oh, caramba, é tão diferente”. Cada cidade, cada país, tem seu charme, mas os brasileiros tornam muito difícil para nós tocarmos em qualquer outro lugar, porque a energia que os brasileiros têm é incomparável. Os latinos em geral são muito passionais, sabe? Barulhentos e loucos em um bom sentido (risos).

Rock Master: Pegando carona nisso, como você compararia uma plateia europeia com uma da América do Sul?
Simone Simons: Ah… Eu acho que quando fomos para o Brasil pela primeira vez, poucas bandas europeias de metal tocavam aí, ainda era uma novidade. Então era um local muito exótico para as bandas tocarem, no Brasil e nos países da América Latina e também para os fãs. ‘Finalmente podemos ver algumas bandas internacionais de rock e metal’, eles diziam. E os fãs cresceram junto com o Epica. Aconteciam situações malucas e perigosas nos aeroportos que hoje em dia diminuíram bastante porque não somos mais uma novidade. Mas, ainda assim, a cultura ainda é a mesma e quando eles [os fãs] ouvem algo de que gostam eles demonstram isso. Eles cantam bem alto e isso é realmente fantástico.

 
Rock Master: Nessas visitas pelo país, vocês tiveram oportunidade de fazer algum turismo?
Simone Simons: Sim, visitamos o Cristo Redentor no Rio de Janeiro, mas isso foi há muito tempo. Fora isso, gostamos de ir à praia, a restaurantes… Eu tenho uma amiga em Curitiba, então espero que, quando tiver tempo, eu possa visitá-la.

Rock Master: Hoje vocês são bastante conhecidos dentro do cenário. Isso trouxe alguma mudança no sentido da liberdade que vocês tem para fazer turismo nos países onde visitam?
Simone Simons: Essa limitação existe apenas nos países da América Latina e nas cidades onde vamos tocar, já que há pôsteres com nossos rostos em todos os lugares, o que significa que há muitos fãs lá com o objetivo de ir ao show. No Brasil já aconteceu algumas vezes das pessoas me reconhecerem porque eu não pareço uma brasileira. No México também, porque eu não pareço mexicana e você consegue me identificar no meio da multidão facilmente. Eu pareço uma alienígena (risos), então é por isso que as pessoas me reconhecem. Na Europa, muito raramente, quando estou na Alemanha passeando as pessoas me chamam. Mas é muito raro e tudo bem, eu também gosto da minha privacidade. Eu não quero ser Simone Simons cantora do Epica o tempo todo. Eu também quero ser uma turista, eu também quero ser invisível de vez em quando (risos).

Rock Master: Falando sobre sua privacidade, você tem uma presença bastante constante nas redes sociais. Qual a importância para uma banda como o Epica de ter sua vocalista em contato quase diário com os fãs?
Simone Simons: Não é algo sobre o qual conversamos, como se eu tivesse que fazê-lo, porque é algo importante para o Epica e sua imagem. Isso é algo que eu gosto de fazer por mim mesma, para me manter em contato [com os fãs]. Eu acho que a internet dá grandes oportunidades para as pessoas se manterem em contato, sabe? Não importa onde você more, você pode sempre estar em contato uns com os outros. Eu gosto do Instagram, do Twitter, eu também tenho um blog, o Smoonstyle, onde escrevo a respeito de meus hobbies, coisas que gosto de comer, de vestir, fotografias… Eu amo tirar fotos. Então, é, acho que as mídias sociais são uma forma excelente de conectar as pessoas, de fazer todos se sentirem conectados, como uma família digital.

Rock Master: Além da música, você também se interessa por maquiagem, fotografia e demais áreas não relacionadas a seu trabalho principal. Como você concilia isso com seu trabalho na música?
Simone Simons: Na verdade tudo está muito ligado, porque eu mesma faço meu cabelo e maquiagem. Eu produzo e realizo sessões de fotos e vídeos e também trabalho de maneira bem próxima com fotógrafos, videomakers… Além disso, eu me considero mais uma artista do que  apenas uma cantora. Eu gosto de arte visual e de música e posso trabalhar tudo isso com o Epica. Quando viajo eu levo minha câmera e posso tirar fotos de pessoas, lugares, comidas e… É, é legal que eu possa conectar todas essas coisas.

Rock Master: Legal. Mudando de assunto, você é parte do Epica há 15 anos. Nesse período todo, já pensou em gravar um álbum solo?
Simone Simons: Sim, eu pensei nisso muitas vezes, mas nunca arrumei tempo para fazê-lo, porque eu também tenho uma família, então não posso trabalhar o tempo todo. Eu também quero passar algum tempo com meu marido e meu filho e quando o Epica der uma pausa ou estivermos escrevendo o próximo álbum e não viajarmos tanto, daí eu arrumarei tempo. Isso acontecerá no momento certo. Eu tenho planos para isso, mas não quero estabelecer uma data para que aconteça. Não quero colocar nenhum prazo em minha criatividade.


Rock Master: O que poderíamos esperar de seu álbum solo? Seria heavy metal, um som mais progressivo, talvez mais voltado para o jazz, a música pop….?
Simone Simons: Definitivamente seria metal. Haveria alguma influência de jazz, que eu gosto, na música. Se algum dia eu me sentir muito velha para estar em uma banda de metal, ainda posso cantar jazz. Meu marido [N. do R. Oliver Palotai, tecladista da banda de metal progressivo Kamelot] e eu temos um projeto há anos, mas ambos estamos sempre muito ocupados e isso torna impossível produzirmos qualquer coisa e… (risos). Mas eu adoraria fazer isso.

Rock Master: Voltando ao Epica, vocês acabaram de lançar o EP “The Solace System”. Como tem sido a recepção do álbum até agora? (Nota: o EP foi lançado no dia 01/09 na Europa)
Simone Simons: Até o momento, ela tem sido muito boa. Tivemos a ideia de… Quando gravamos as músicas para [o álbum] “The Holographic Principle” havia 18 delas e apenas 12 cabiam no álbum. Então pensamos em manter as músicas que não entraram no álbum juntas e lançá-las em um EP ao invés de como disco bônus em diferentes versões de “The Holographic Principle”, uma música aqui, outra ali. Fizemos isso com “The Quantum Enigma” [o predecessor de “The Holographic Principle”] e os fãs não gostaram muito dessa ideia. Eu mesma prefiro ter todas as músicas extras em um único álbum. E a recepção tem sido boa, tocamos algumas músicas do EP ao vivo e, claro, como são canções novas, as pessoas reagem de maneira diferente a “Fight your Demons” com relação a “Cry for the Moon”, que elas já ouviram inúmeras vezes e sabem as letras de cor. Então, é, uma coisa legal. Na verdade hoje [N. do R. a entrevista aconteceu no dia 20/12/17] nós lançamos outro EP para o mercado japonês. Eles tem uma série animada chamada “Attack on Titan” e reescrevemos a trilha sonora dela. É um power metal com um toque de Epica (risos). É bem divertido. São quatro músicas e adoramos o resultado final. Então temos, basicamente, dois EPs lançados recentemente.

Rock Master: Como você espera que será a reação das platéias às novas músicas na segunda parte da turnê?
Simone Simons: Bom, quando saímos em turnê na Europa e tocamos as músicas novas o EP tinha sido lançado uns dois dias antes. Agora, quando formos ao Brasil em março, os fãs terão mais tempo para ter ouvido o EP e estarão mais familiarizados com elas. Veremos o que acontece. Claro, eu sei que os brasileiros adoram “Cry for the Moon”, então ela trará a reação mais forte de todas. (risos).

Rock Master: Simone, muito obrigado pela entrevista. Espero que a segunda parte da turnê seja bem sucedida.
Simone Simons: Eu é que agradeço.

A turnê de oito shows do Epica no Brasil começa por Belo Horizonte no dia 09 (Music Hall). Daí passa por São Paulo (dia 10, Tropical Butantã), Rio de Janeiro (dia 11, Circo Voador), Porto Alegre (dia 13, Bar Opinião), Curitiba (dia 14, Spazio Van), Manaus (dia 16, Teatro Manauara), Fortaleza (dia 17, Armazém) e se encerra em Recife no dia 18 (Clube Português do Recife).

Além de Simone, a formação atual da banda conta com Mark Jansen (guitarra/vocal gutural), Coen Janssen (teclado), Isaac Delahaye (guitarra), Rob van der Loo (baixo) e Ariën van Weesenbeek (bateria).

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