Moonspell em Belo Horizonte: clássicos e músicas novas na medida certa

Mais uma colaboração do Rodrigo “Piolho” Monteiro para o Rock Master. As fotos são de Alexandre Guzanshe.

No dia primeiro de novembro de 1755, Lisboa foi atingida por um dos maiores terremotos da História. O fenômeno provocou tsunamis e inúmeros incêndios, que mataram entre 10.000 e 100.000 habitantes de Lisboa a redondezas e causou profundas mudanças na vida do país como um todo.

Esse evento de proporções bíblicas foi a inspiração para o álbum homônimo do Moonspell, o mais importante nome do cenário do heavy metal lusitano, que se encontra no Brasil para a turnê de divulgação de “1755”. No último domingo, depois de 15 anos, a banda voltou a Belo Horizonte para um show n’A Autêntica, casa de shows localizada na região centro-sul da cidade e que já recebeu bandas como Sabaton e Pestilence, dentre outros.

Marcado para as 21h, faltando 20 minutos para o show começar, a casa ainda se encontrava vazia, mas muita gente se aglomerava do lado de fora, esperando a hora chegar para poder entrar. Isso fez com quem chegou mais cedo pudesse se acomodar confortavelmente – dentro do possível claro – perto do palco.

Passava pouco das 21h quando o vocalista Fernando Ribeiro adentrou o palco com um lampião e praticamente recitou “Em Nome do Medo” antes que o restante da banda formada pelo baterista Miguel Gaspar, o tecladista Pedro Paixão, o guitarrista Ricardo Amorim e o baixista Aires Pereira para dar início à pancadaria com a faixa título de seu último álbum.
Pela próxima hora e meia o Moonspell passearia por sua longa discografia com ênfase, claro, ao álbum que motivou a turnê.

Os grandes trunfos do Moonspell, além da popularidade dentro do gênero, são o vocalista Fernando e o fato de ele ser português, o que facilita em muito a comunicação com o público. Fernando é bastante carismático e teatral, o que adiciona bastante à apresentação da banda. Durante todo o show ele se comunicou com o público, elogiando, contando histórias e agradecendo aos que ali compareceram.

Os demais membros da banda, apesar de agitarem bastante, não possuem o mesmo carisma e se restringem a fazer seu trabalho e exibirem bastante competência em seus instrumentos, além daquela energia características de bandas de heavy metal adeptas à um som mais “pesado”.

Alternando músicas clássicas com material mais recente, o show teve seu ápice quase no final, quando, na clássica “Alma Mater”, Fernando desceu do palco para cantar parte dela no meio da galera. Ao final dessa, disse que o show estava chegando ao fim, que iriam tocar a última música, mas que isso era uma bobagem, já que todo mundo sabia que voltariam para o bis. Assim sendo, a primeira parte do show foi encerrada com a versão sombria que o Moonspell fez para “Lanterna dos Afogados”, dos Paralamas do Sucesso.

Pouco depois de terem saído do palco, o grupo volta para que “Everything Invaded”, “Mephisto” e a clássica “Full Moon Madness” encerrassem a segunda passagem do Moonspell pela capital mineira, à qual Fernando se referiu como “a capital do metal no Brasil”. Em um passado distante sim, Fernando, Belo Horizonte realmente detinha esse título. Hoje, no entanto, a coisa não é bem assim.

Na despedida, disse esperar que não demore mais uma década e meia para que a banda retorne à cidade. Um desejo compartilhado por cada uma das pessoas que ali esteve.

A exemplo do show do Pain of Salvation, o público não lotou a casa de shows, mas a presença aqui foi bem melhor. Outra coincidência com relação ao show dos suecos foi o fato de também haver uma criança na plateia. Acompanhada dos pais ela – ou ele, não consegui divisar de onde estava – presenciou todo o show com um chapéu de lobo, uma referência a diversos dos álbuns do Moonspell. Se se tornará uma fã do mesmo estilo musical dos pais? Só o tempo dirá.

Novamente, nossos agradecimentos à Márcio Siqueira  e sua MS BHz pela parceria que nos proporcionou a oportunidade de mais essa cobertura.

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