Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!
O dia 29 de dezembro de 2016 é uma data marcante na história do rock and roll. Naquele dia, Lemmy Kilmister, vocalista e baixista do Motörhead, faleceu vítima de um câncer que havia descoberto pouco antes. Com a sua morte o Motörhead, banda que ele fundou e cuja figura carismática ajudou a ter uma longa carreira, também deixou de existir. Seus integrantes remanescentes tomaram caminhos diferentes: enquanto Mikkey Dee passou a dedicar 100% de seu tempo ao Scorpions, banda à qual se juntara em setembro daquele ano, o guitarrista Phil Campbell recorreu ao apoio de sua família para continuar se aventurando no mundo do rock ‘n roll.
O EP “Phil Campbell and the Bastard Sons” é o primeiro produto da banda familiar do guitarrista, que foi lançado pouco mais de um mês antes da morte de Lemmy. Quando insisto em termos ligados à palavra família, o faço porque “Phil Campbell and the Bastard Sons” tem esse nome inspirado simplesmente porque quatro dos cinco membros do grupo ostentam o sobrenome de seu criador. Além de Phil, a banda é formada por seus filhos Todd (guitarra/gaita), Tyla (baixo) e Dane (bateria). O vocalista Neil Starr é o único intruso nesse produto do clã Campbell.
Confesso que, ao receber o álbum para que pudesse ser devidamente analisado, eu esperava algo em um estilo mais pesado e “sujo”, bem similar ao que Campbell fez por 31 anos ao lado de Lemmy no Motörhead. Essas expectativas, no entanto, provaram-se equivocadas.
“Phil Campbell and the Bastard Sons” é composto por cinco músicas que, reunidas, chegam à casa dos 18 minutos e tem muitas variações entre si. No geral, é um álbum de rock and roll clássico, com algum toque de modernidade, refrões grudentos, bons solos do senhor Campbell e a indefectível balada, algo que, sinceramente, não era de se esperar de um ex-Motörhead.
O álbum é aberto com “Big Mouth”, uma faixa cuja introdução tem um quê de modernidade mas, quando começa pra valer, mostra um rock and roll clássico, com um refrão bem legal, feito pra ser cantado a plenos pulmões.
“Spiders” vem a seguir e parece algo saído de um álbum de rock oitentista, mas com uma carapaça de heavy rock a envolvendo. Nela se destacam tanto o refrão, também grudento e o belo solo de Phil Campbell, talvez o melhor de todo o álbum.
“Take Aim” tem um clima mais anos 1990, ainda que também apresente influências de rock mais moderno aqui e ali. Novamente, a banda investe pesado no refrão da música. Ele não é tão grudento quanto os anteriores, mas, ainda assim, tem bastante força
“No Turning Back” é o que mais se aproxima de Motörhead aqui, pelo menos no começo. Depois ela descamba para um rock and roll clássico e cheio de energia, com Neil Starr fazendo um bom trabalho nos vocais. Novamente, o refrão é um dos destaques da música.
Finalmente, “Life in Space” fecha o álbum com uma balada bastante intimista que destoa bastante do que ouvimos até aqui. Levada apenas nos instrumentos de corda e vocal, sem bateria, ela é bastante agradável e fecha bem o primeiro trabalho da banda.
No fim das contas, o primeiro trabalho de “Phil Campbell and the Bastard Sons” é um EP sólido que deu uma boa ideia para os fãs do Motörhead do que seu guitarrista faria após o término prematuro da banda. O grupo, inclusive, já lançou seu primeiro álbum completo, intitulado “Age of Absurdity”, que deve ser objeto de resenha do Rock Master em um futuro próximo. Ambos foram lançados no Brasil pela Hellion Records.
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