Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!
O final dos anos 1970 e início dos anos 1980 foi um período bastante fértil para a música dita “pesada” na Inglaterra e no Reino Unido como um todo. O surgimento de um sem número de bandas do estio quase que ao mesmo tempo foi um fenômeno que acabou sendo imortalizado sob a sigla NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal, ou a Nova Onda do Heavy Metal Britânico). Nessa leva, surgiram bandas que alcançariam variados níveis de sucesso. Enquanto algumas, como o Iron Maiden, se tornariam gigantescas, outras alcançariam um sucesso mais moderado; já algumas delas, nem isso. É o caso do Desolation Angels.
Fundada em 1981 pelos guitarristas Robin Brancher e Keith Sharp, a formação do Desolation Angels logo seria completa por David Walls (vocal), Joe Larner (baixo) e John Graham (bateria). A banda logo começou a causar um pequeno burburinho em Londres, especialmente no East End, onde era baseada.
Apesar de ser reconhecida pela energia que demonstrava no palco e pelas composições tipicamente NWOBHM, o Desolation Angels só conseguiu gravar seu primeiro álbum em 1984, com Brett Robertson assumindo as baquetas de John Graham. “Desolation Angels”, álbum auto-intitulado, foi lançado em 1986 e, então, já não trazia novidades ao estilo. Em 2016, “Desolation Angels” foi relançado em virtude de seu 30º aniversário, em uma edição dupla, trazendo uma apresentação da banda no Ruskin Arms (Londres) em 1983, ou seja, três anos antes da estréia da banda chegar ao mercado.
“Desolation Angels” traz oito músicas que vão agradar aos fãs mais devotos do NWOBHM, pois elas trazem todas as características típicas do movimento. Estão lá os refrões grudentos, os riffs de guitarra, o andamento ora veloz, ora cadenciado… Ou seja, nenhuma novidade a quem já está acostumado a esse tipo de sonoridade. Ah, e não se deixe enganar: apesar da arte da capa poder dar a entender que o Desolation Angels é uma banda de black metal a la Venom, ela está mais próxima a grupos como Demon e mesmo Iron Maiden (ainda que a qualidade dos músicos da Donzela de Ferro seja infinitamente superior à do Desolation Angels).
Uma outra característica de “Desolation Angels” é o fato de praticamente todas as músicas serem longas, passando dos cinco minutos, ainda que nenhuma delas chegue sequer perto aos dois dígitos. Musicalmente falando, todos os membros do Desolation Angels tem um bom domínio de seus instrumentos ainda que não façam nada de extraordinário ou mesmo virtuoso. Eles fazem o típico “arroz com feijão” da época. Músicas como “Spirit of the Deep”, “Valhalla” e “Death Machine” são destaques do primeiro disco que compõe o lançamento.
O segundo disco traz 10 músicas e, apesar da captação do áudio ao vivo não ser lá essas coisas, soando abafada, talvez devido à tecnologia da época, é um registro honesto da banda. Enquanto muitas optam por “maquiar” apresentações ao vivo com overdubs e afins, o Desolation Angels preferiu lançar o show sem isso. É um som cru, às vezes abafado, mas 100% autêntico que se ouve aqui.
Apesar de estar na estrada desde 1981, o Desolation Angels tem apenas três álbuns lançados até hoje, sendo o mais recente, “King” de 2018. Os inúmeros problemas e diversos hiatos enfrentados pela banda (que ficou inativa de 1994 a 2012) explicam o porque de ela ser uma ilustre desconhecida no mundo do NWOBHM. Isso faz com que a edição especial de seu álbum de estreia, lançada por aqui pela Hellion Records seja uma daquelas pérolas raras que valem a pena de serem apreciadas por todos os mais fanáticos fãs do mais fértil período da história do heavy metal. Mesmo que esta pérola não brilhe tanto quanto algumas de suas irmãs.
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