Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!
Steve Perry foi o vocalista que comandou a fase de maior sucesso de um dos maiores nomes do AOR mundial, o Journey. Depois de 21 anos cantando músicas como “Don’t Stop Believing” e “Open Arms”, em 1998 Perry decidiu que era hora de sair de cena. E fez isso. Pelos vinte anos seguintes, ele sumiu do radar, alegando que havia se cansado do mundo da música. Salvo uma aparição aqui, uma participação especial ali, pouco se ouviu de Perry.
Em 2018, depois de 24 anos desde seu segundo registro solo, o bem sucedido “For the Love of Strange Medicine”, Steve Perry voltou ao mercado com “Traces”, um álbum que pode causar surpresa nos fãs de sua antiga banda.
“Traces” é um álbum que Steve fez, basicamente, para atender ao pedido de Kellie Nash, uma mulher com a qual ele teve um relacionamento intenso e curto, já que, pouco mais de um ano e meio após se conhecerem, ela sucumbiu ao câncer de mama. Antes de falecer, ela pediu que ele quebrasse seu isolamento e voltasse ao mundo da música. Por causa disso, boa parte das músicas de “Traces” são dedicadas à Kellie.
Isso significa que “Traces” é um álbum bastante intimista, ou seja, é dominado por músicas reflexivas, calmas, com um andamento mais lento, bem diferente do material que Steve costumava compor para o Journey. Sim, há alguns flertes com o hard rock/AOR do Journey, em músicas como “No Erasin'”, que abre os trabalhos e em “Sun Shines Gray”, a mais rock and roll das dez faixas aqui presentes. No demais, Steve investe nas baladas, o que, nem de longe é uma coisa ruim, haja vista a qualidade das composições.
Aos 69 anos, a voz de Perry não tem a mesma potência de seus dias de Journey, obviamente. No entanto ele soube conservá-la de uma forma tal que nem se sente tanta diferença quando comparando-a com seus trabalhos antigos. Para “Traces” ele se rodeou de um grande time de músicos, com destaque para o guitarrista Thom Flowers, que também co-produziu o álbum ao lado de Perry. A dupla fez um bom trabalho, com uma produção limpa, onde todos os instrumentos estão bem claros e a voz de Steve consegue soar tão bem quanto poderia.
“Traces” foi lançado por aqui no fim do ano passado pela Hellion Records e é uma boa pedida para aqueles que, há anos, esperavam pelo retorno de Steve Perry ao mercado, mesmo que seja um álbum que precise de mais de uma audição para ser devidamente apreciado.
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