Texto: Rodrigo “Piolho” Monteiro
Formada nos idos de 1994 em Recife, o Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis (ao qual, daqui em diante, me referirei apenas como Jorge Cabeleira) obteve um certo sucesso naquela década, especialmente graças ao seu primeiro álbum, homônimo, que trazia participação de Zé Ramalho em uma faixa (“Os Segredos de Sumé”) e à releitura de “Cheiro de Carolina” (ou, simplesmente, “Carolina”), de Alceu Valença, que ganhou uma roupagem mais rock and roll e chegou a ter seu clipe veiculado na MTV em uma época em que a emissora ainda era relevante.
Adepto do mesmo movimento manguebeat que revelou para o Brasil a Nação Zumbi, na época ainda capitaneada pelo saudoso Chico Science, o som do Jorge Cabeleira se caracteriza por uma mistura de rock and roll e blues aos ritmos típicos da capital pernambucana, especialmente o forró e o baião, com letras que exploram bastante os temas locais.
Em 2001, a banda lançou “Alugam-se Asas para o Carnaval”, mas a década não se mostrou tão receptiva à salada musical do grupo como a anterior e, pouco depois, o Jorge Cabeleira se dispersou, com seus membros indo explorar novos horizontes. Em 2012 a banda resolveu se reunir, preparando-se para o aniversário de 20 anos, que gerou “Trazendo Luzes Eternas,”uma coletânea com vinte músicas, sendo duas inéditas e as demais um apanhado do que o grupo fez de melhor em seus dois primeiros álbuns.
Agora, em 2019, a banda finalmente voltou à ativa com “III”, primeiro álbum em 18 anos, lançado na semana passada nos principais serviços de streaming. Dirceu Lopes, vocalista e guitarrista da banda, falou mais sobre o longo processo de composição e gravação em uma postagem na página oficial da banda no Facebook: “Nossa única condição quando decidimos fazer o disco foi de que ele teria de ser um disco foda. Para isso não trabalhamos com nenhum tipo de pressão ou prazo, além do tempo necessário para que atingíssemos um resultado que a gente pudesse nos orgulhar depois, assim como temos esse orgulho dos dois anteriores”. Devido a isso, “III” tomou quase dois anos, com o processo de produção se iniciando em 2017 e findando apenas no final de 2018.
O resultado desse esforço pode ser conferido no Bandcamp, Spotify e Deezer. O álbum físico também pode ser adquirido através do e-mail [email protected].
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