Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!
O Prophets of Rage é uma daquelas bandas que surgem de vez em quando e, a exemplo de nomes como o Sons of Apollo e o Winery Dogs, logo é apelidada pela imprensa de “supergrupo”. Também, pudera, a banda é formada pelos vocalistas Chuck D (Public Enemy) e B-Real (Cypress Hill), o guitarrista Tom Morello, o baixista Timmy C. e o baterista Brad Wilk (trio que já foi a base do Rage Against the Machine e do Audioslave) e DJ Lord (Public Enemy), na mesa de mixagem. A proposta da banda também não poderia ser menos surpreendente: uma mistura de rap com hardcore e rock and roll com letras que pregam “contra o sistema”. O resultado é, também, bastante previsível.
Previsibilidade na música é um conceito delicado. Existem públicos que praticamente demandam que, a cada novo lançamento, sua banda favorita traga algo diferente do que fizera anteriormente; já outros, querem que a banda repita a mesma fórmula indefinidamente. O Prophets of Rage tenta caminhar nessa linha fina entre seguir a sonoridade consagrada por Public Enemy, RATM e Cypress Hill, mesclando o rap/hardcore e rock de forma harmoniosa. Graças à competência de todos os envolvidos, eles conseguem fazê-lo de uma maneira bem interessante.
Mesmo não tendo o mesmo alcance vocal do passado, Chuck D e B-Real conseguem passar toda a raiva e revolta que a música do Prophets of Rage exige, já que suas letras, como dito no primeiro parágrafo deste texto, tem toda uma abordagem política que vai conquistar de cara todos aqueles que tem problemas com o que vem acontecendo nos Estados Unidos desde a eleição de Donald Trump. Alguns críticos dizem – com uma certa razão – que esse tipo de discurso era relevante há quase 30 anos, quando o RATM lançou seu primeiro álbum; outros dizem – também com uma certa razão – que este é um tipo de álbum necessário nos tempos atuais. Ou seja, cabe a cada um julgar a relevância ou não desse tipo de trabalho.
Musicalmente falando, o Prophets of Rage conseguiu um bom balanço entre o rap e o rock and roll, com todos os fatores envolvidos funcionando de forma equilibrada (cortesia do produtor Brendan O’Brien, que já havia trabalhado com o trio Morello-D-Wilk no RATM e no Audioslave). Há alguns momentos mais “bagunçados” aqui e ali, mas nada que tire, nem de longe, o brilho do trabalho de O’Brien.
Resumindo, pode-se dizer que os fãs do RATM muito provavelmente apreciarão o trabalho de Morello, D. e Wilk com seus novos comparsas. “Prophets of Rage” (o álbum é autointitulado) tem 12 músicas, das quais “Unfuck the World”, “Hands Up” e “Strenght in Numbers” são alguns dos destaques. Lançado em 2017, o álbum chegou aqui no ano passado via Hellion Records.
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