Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo Monteiro para o Rock Master!
Muitas vezes a frase “dispensa apresentações” referindo-se a um artista, livro, banda, personagem ou mesmo uma cidade, é um exagero. No entanto, quando se trata de um grupo como o Whitesnake, isso é um fato. Afinal de contas, é difícil de imaginar que qualquer fã de hard rock desconheça a banda do vocalista David Coverdale cuja formação atual, que passou recentemente pelo Brasil, conta com os guitarristas Reb Beach e Joel Hoekstra, o baixista Michael Devin, o eternoTommy Aldridge na bateria e Michele Luppi nos teclados.
Depois de oito anos sem lançar material inédito, o grupo capitaneado por David Coverdale volta com “Flesh & Blood“, um álbum com 13 faixas e quase 60 minutos do mais puro hard rock/AOR que vai bater forte em todo fã do estilo musical que dominou a década de 1980 e ainda fala alto à nova geração.
Para obter essa sonoridade, Coverdale se aliou a dois nomes fortes no hard rock/AOR. Reb Beach é um guitarrista que construiu sua carreira em bandas como o Winger e o Dokken, ambas conhecidas por praticarem o chamado Rock de Arena, aquele estilo cujos refrões são feitos para serem cantados por uma multidão em um estádio. Já Joel Hoekstra tem uma carreira mais diversa, tendo tocado em musicais da Broadway, faz parte da banda de apoio da cantora pop Cher e da Trans-Siberian Orchestra, dentre outros. As experiências dos dois, somadas às mais de quatro décadas de Coverdale compondo e gravando esse tipo de música funcionou muito bem em “Flesh & Blood“, que se mostra um álbum muito superior do que seu antecessor.
Correndo o risco de parecer repetitivo, “Flesh & Blood” tem tudo o que um apreciador do hard rock/AOR oitentista pode querer: refrões grudentos, grandiosos, a dupla de guitarristas investindo em riffs marcantes, solos técnicos, as indefectíveis baladas… Tudo isso embalado pela voz de Coverdale que, beirando os 70 anos de idade, não parece ter perdido assim tanto a potência. Claro, ele não consegue mais alcançar os agudos de outrora, mas compensa isso de outras maneiras, sempre trazendo a energia adequada para a canção na qual está cantando.
“Flesh & Blood” é tão redondinho que é difícil eleger destaques individuais. Mas, como isso é uma tradição por aqui, podemos citar “Good to See You Again“, a divertida “Shut Up and Kiss Me“, “Always and Forever“, “Heart of Stone” e “Get Up“. Estas, no entanto, são apenas a título de tradição de nossos textos, porque a verdade é que “Flesh & Blood” é um álbum que mantém um alto nível de qualidade do começo ao fim. Se há uma crítica que pode ser feita aqui é o fato de Coverdale manter Michele Luppi apenas nos teclados e backing vocals, ao invés de fazer pelo menos um dueto com o italiano. Para os desavisados, além de tecladista, Michele tem uma longa carreira como vocalista, tendo gravado três álbuns com o Vision Divine, além de solos e de outros projetos.
“Flesh & Blood” foi lançado por aqui pela Hellion Records. A primeira impressão do álbum trouxe, além de um encarte bem legal, um mini-pôster reproduzindo a arte de capa e um adesivo com a mesma arte. Não que qualquer material extra fosse necessário para tornar “Flesh & Blood” mais atraente do que já é.
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