Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo Monteiro para o Rock Master!
O Wolftooth é, a exemplo do The Watchers, uma nova banda de heavy metal americana formada por veteranos da cena. Neste caso específico, da cena underground de Richmond, no estado de Indiana, Estados Unidos. Depois de décadas circulando pelos bares e casas de show menores da cidade, Chris Sullivan (vocais/guitarra) e Terry McDaniel Jr. (baixo) se encontraram para escrever música de maneira descompromissada. Chamaram Jeff Cole (guitarra), ex-companheiro de Chris de uma banda de death metal chamada Darknes, e Johnny Harrod (bateria) para completar o time. A ideia, segundo Chris revelou em uma entrevista, era tocar por diversão, sem muitas ambições, apenas uma válvula de escape de seus empregos “de verdade”.
Eventualmente, um DJ de uma rádio local teve acesso ao primeiro EP do Wolftooth, o que desencadeou uma cadeia de eventos culminando em um contrato com uma gravadora americana e proporcionou que a Hellion Records apresentasse o som dos caras a uma audiência brasileira.
Apesar da bagagem death metal de Chris e Jeff, o som do Wolftooth passa muito longe do metal extremo. O que o quarteto traz em seu álbum autointitulado são nove músicas onde o que predomina é uma mescla de doom metal, stoner rock e influências sutis de hard rock aqui e ali, tudo embalado por uma áurea bastante setentista. Se os primeiros acordes de “Blackbirds Call”, faixa que abre o álbum, fizer o ouvinte sentir toda aquela vibração característica de Black Sabbath, essa impressão não estaria nem um pouco equivocada. A influência do quarteto de Birmingham é algo que predomina ao longo dos quase 50 minutos de duração de “Wolftooth”. Até mesmo a voz de Chris lembra a de Ozzy em alguns momentos, como em “Forged in Fire” e “Season of the Witch”, as duas músicas mais longas do álbum, ambas ultrapassando a marca dos seis minutos.
Se há um defeito em “Wolftooth” é o fato de o álbum não trazer variações. Todas as músicas são bem semelhantes entre si, o que tira um pouco do fator de surpresa entre uma música e outra. Isso, no entanto, é apenas um aspecto menor, já que o álbum como um todo é muito bem feito e todos os músicos fazem um trabalho muito legal, com Jeff criando riffs e solos que deixariam Tony Iommi orgulhoso.
Com seu álbum de estréia o Wolftooth mostra que ainda há espaço para boas bandas de doom/stoner metal na cena. Seu álbum de estreia pode não ser um primor, mas é uma audição bastante satisfatória, ainda mais para aqueles fãs do supracitado Black Sabbath ou de bandas menos conhecidas como The Sword e Fireball Ministry.
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