Resenha: “Reign of Fear” – Rage

Depois de estrear em 1984 com o álbum “Prayers of Steel” sob a alcunha de Avenger, o vocalista/baixista Peter “Peavy” Wagner teve que rebatizar seu grupo para Rage devido a questões legais – já havia uma banda inglesa utilizando o nome Avenger. Assim sendo, em 1986, ao lado dos guitarristas Jochen Schröder, Thomas Grüning e do baterista Jörg Michael, o Rage lançou o álbum de estréia de uma das mais subvalorizadas bandas do heavy metal alemão de todos os tempos: “Reign of Fear”. No ano passado, uma versão especial dupla do álbum foi lançada por aqui pela Hellion Records e é bastante legal, pois mostra um Rage bem diferente daquele ao qual estamos acostumados a ver.

Primeiro, naquela época o Rage era um quarteto e hoje, como mostra a foto de chamada dessa matéria, é um trio. As diferenças, no entanto, eram bem mais profundas, na medida que, em seus primórdios, Peavy e companhia investiam em um thrash/speed metal característico da primeira metade da década de 1980 na Alemanha. Era tudo mais “cru” e focado na velocidade e na energia do que o som fortemente sinfônico no qual a banda investe atualmente. Em “Reign of Fear” o Rage sequer tinha um virtuoso dentre seus membros e a preocupação era mais criar uma parede sonora veloz e menos focar-se em riffs ou solos de guitarra – praticamente ausentes no álbum – rápidos e cheios de variações.

Desde “Scared to Death”, faixa que abre o primeiro disco, podemos ter uma ideia de tudo o que foi dito acima e ainda de como Peavy usava a sua voz de maneira diferente do que faz atualmente. Em “Reign of Fear” ele abusava dos agudos, deixando tons mais sutis e graves de lado, algo que adicionaria ao seu repertório ao longo de sua carreira.

Como um álbum de speed/thrash alemão dos anos 1980, “Reign of Fear” funciona muito bem, pois traz as características indeléveis daquele período e o Rage utilizou-as de maneira a conseguir fazê-los soar diferentes de contemporâneos como Sodom e Destruction. Músicas como “Deceiver”, “Suicide e a longa “Scaffold”, com seus quase nove minutos e que fecha o primeiro disco, são alguns dos destaques deste trabalho do Rage.

O segundo disco, a exemplo do que aconteceu no lançamento de “Prayers of Steel”, traz 13 faixas que se constituem, basicamente, de versões demo daquelas presentes no primeiro disco, com exceção de “Tough like Leather” e “Stay Wild”, faixas inéditas até então.

No fim das contas essa versão especial de “Reign of Fear” é um prato cheio não só para fãs do Rage – ainda que aqueles mais adeptos do som moderno da banda possam ter restrições a esse tipo de material mais “cru” – como de todo aquele que se diverte e aprecia o som característico do heavy metal alemão dos anos 1980.

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