O grupo mineiro Kaust, formado por Adriano Bê (voz e guitarra), Emerson Fluyd (guitarra, voz, teclados e piano), Dennis Martins (baixo) e Yuki Castro (bateria), acaba de lançar, nas plataformas digitais, seu primeiro disco. Homônimo, o trabalho apresenta um pós-punk corrosivo e contemporâneo que se desdobra em sete faixas autorais. O guarda-chuva estético da banda, formada em 2016, também passeia pelos timbres punks ressaqueados dos anos 80, bebendo de fontes que vão do indie rock atual às guitar bands noventistas, e debruçando-se sobre temas existencialistas. O caldeirão de referências nacionais e estrangeiras da Kaust vai de Joy Division a Plebe Rude, passando por Interpol e Fellini.
Com produção de Luccones Nascimento (!Slama), o disco foi gravado, mixado e masterizado em 2019, no Neuma Estúdio, em Belo Horizonte, e contou com o lançamento de um videoclipe, “Por Quê?”, lançado em dezembro do ano passado. Aprimorando a sonoridade indie e evidenciando a temática da violência e da alienação, o registro audiovisual tem direção do cineasta belo-horizontino, Jefferson Assunção. No início de abril, foi a vez da banda lançar o lyric video da faixa “Dreams”, assinado por Rodrigo Fusa.
Ambas as faixas dizem respeito às agruras da vida moderna. “As letras, geralmente existencialistas, tratam sobre como é viver em uma selva de pedra, que muitas vezes deprime, sufoca, oprime e angustia. Cantamos na maioria das vezes em português por uma necessidade de comunicação, e também por haverem poucos representantes deste gênero na nossa língua materna”, explicou Adriano Bê.
O guitarrista Fluyd conta que a Kaust tinha um repertório inicial de 14 canções, das quais foram escolhidas sete para o álbum. “Chamamos o Luccones, que nos ajudou a escolher as músicas que mais dialogavam e a chegar, assim, numa identidade. Ele esteve presente, junto ao Lucas Gomes, durante toda a gravação e a mixagem, o que contribuiu bastante para o resultado final positivo. Tínhamos no estúdio uma variedade grande de guitarras, baixos e pedais de efeito, e isso nos ajudou a chegar na sonoridade desejada para cada faixa”.
A parceria com Luccones Nascimento reflete a vontade do grupo em manter permanente troca com a cena da música independente da cidade – haja vista o currículo dos integrantes da banda, que já passaram por outros grupos, como Carolina Diz, Spartakus, Radiokarma e Sinnatras. “Dialogamos com muita gente da cena mineira. Há bandas amigas em que integrantes já contribuíram com a Kaust, seja no trabalho que envolve o disco ou até dando uns toques, dicas e tal. Miêta, Slama, Aldan, El Toro Fuerte, Não-Não Eu e Drowned Men são alguns exemplos”, completa Fluyd.
Outra parceria foi com o guitarrista e artista visual Kim Gomes, que assina a arte da capa e também transita pelos universos do rock e do pós-punk. “A ideia foi remeter a algo mais frio e urbano, como as chaminés de fábricas, que ficam subentendidas nesse cenário cinzento e nublado”, reflete Adriano Bê. “Toda a parte estética, como fotos, figurino e capas, busca uma seriedade e um senso artístico que nos afaste de produções mais frívolas”, completa. As fotos do disco são de Curt Martins.
O primeiro registro da Kaust está disponível no Spotify.
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