Iniciativa de Rafael Dinnamarque (vocal/baixo), o Dinnamarque surgiu em Belo Horizonte nos idos de 2002. Ao longo dos 18 anos seguintes, a banda se focou em apresentações ao vivo e gravou apenas um EP com quatro faixas, intitulado “Fight”. Agora, em 2020, com a formação estabilizada e contando com os guitarristas Ronan Oliveira e Leo Lanny e o baterista Riccardo Linassi, a banda deu seu primeiro passo em direção a um reconhecimento maior dentro do cenário do heavy metal nacional com seu álbum de estreia, “One Spirit of a Thousand Faces” um registro certeiro que tem tudo para figurar nas listas dos melhores de 2020 quando elas começarem a serem divulgadas lá pelo final do ano.
A experiência de Rafael e Riccardo, que dividem de maneira quase igualitária os créditos pelas composições e letras do álbum – são seis faixas sob responsabilidade do vocalista e cinco a cargo do batera – fizeram toda a diferença aqui, sendo ambos veteranos na cena no metal belorizontino. “One Spirit of a Thousand Faces” é aquele tipo de álbum que se percebe claramente que não tem nenhuma faixa do tipo sobra de estúdio que foi incluída nele apenas para dar volume. Não, aqui, aparentemente, tudo foi feito com bastante cuidado, não só em termos de produção, como mesmo na ordem em que as faixas se apresentam, trazendo bastante equilíbrio para o álbum. “One Spirit of a Thousand Faces” é um daqueles raros registros atuais onde não temos vontade de pular uma faixa por ela ser mais fraca.
Do primeiro acorde de “Fight”, que abre o petardo, até os segundos derradeiros da faixa título, que fecha os trabalhos, o Dinnamarque consegue transitar de maneira bastante segura pelo seu heavy metal tradicional, que apresenta algumas pitadas de power metal aqui, outras de hard rock ali e mesmo alguns teclados mais progressivos em alguns momentos, sem deixar de lado o cuidado com as letras, especialmente os refrões, a maioria deles do tipo “grudento”, que você vai sair cantando junto após poucas audições. Como boa banda de heavy metal, o Dinnamarque não esqueceu da balada obrigatória, aqui representada por “Reason”.
Nos anos 1980 Belo Horizonte se tornou um dos principais polos exportadores de heavy metal para o resto do Brasil e mesmo para o mundo. Apesar de a cena ter sofrido bastante desde então, o fato é que o Dinnamarque tem tudo para honrar essa tradição e alçar voos maiores, ainda mais se esse “One Spirit of a Thousand Faces” for apenas um aperitivo do que a banda tem a oferecer. Um álbum imperdível para qualquer headbanger que goste de um metal tradicional que não se arrisca nem tenta reinventar a roda e, talvez por isso mesmo, seja feito com tanta competência e valha tanto à pena ser conferido.
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