“Addicted to Reality” é o quarto álbum do Overdose, lançado em 1990 e relançado esse ano em comemoração ao seu 30º aniversário, através da Cogumelo Records. Em um formato especial, essa nova versão de “Addicted to Reality” traz o CD e um DVD com um show gravado no clube Ginástico, em Belo Horizonte, em 1991.
Na época formado por Bozó (vocal), Cláudio David (guitarra), Fernando Pazzini (baixo) e André Márcio (bateria) “Addicted to Reality” traz um Overdose prestes a sofrer uma transformação. Este é o último registro da banda mais focado no thrash/heavy metal dos anos 1980, ainda que ele seja recheado da influência do hard rock também popular naquela época. O guitarrista Sérgio Ferreira (presente na foto que ilustra essa resenha, apesar de não ter participado da gravação do CD, está no show registrado no DVD presente no lançamento).
Uma das coisas que chama a atenção em “Addicted to Reality” é em como os vocais de Bozó estão mais fortes do que em registros anteriores, como pode ser comprovado na faixa “White Clouds”, uma das mais pesadas do registro. Já “Pain” mostra uma sonoridade um pouco diferente, com passagens acústicas e distorções mais limpas sobre um fundo pesado, uma característica quase sempre presente nas composições do Overdose. Aliás, se tem uma coisa na qual o Overdose se concentra bem é em criar melodias que condizem com a proposta sempre encampada pela banda. Aqui, no entanto, vemos a banda já começando a se distanciar de seu power metal de outrora e investindo em uma sonoridade mais acessível – por falta de termo melhor – como pode se observar em “Strangers in our Land”, “Winds of Change” e mesmo em “A Great Dream”, uma composição instrumental que fecha os trabalhos.
Isso não quer dizer que a banda abandonou sua agressividade característica e ela se manifesta principalmente nos solos e nos riffs que compõem todo o disco, algo que é apresentado logo de cara em “Sweet Reality”, que abre os trabalhos. Como um todo, o álbum tem uma produção bem limpa e a ordem as músicas parece ter sido escolhida de forma cuidadosa, já que, mesmo com essas variações, o trabalho como um todo é bastante homogêneo.
Já o DVD é um produto de sua época, filmado com uma câmera e com qualidade de gravação bem inferior ao que estamos acostumados a ver hoje. Mas, claro, vale pelo registro de ver uma das principais bandas do metal nacional ao vivo.
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