O Psychic Possessor foi uma das grandes bandas do dito “rock pesado” brazuca nos anos 1980. Formada em Santos, SP, em 1985, o quarteto tem dois álbuns em sua discografia: “Toxin diffusion”, um registro voltado para o thrash/death e “Nós somos a América do Sul”, onde a banda investe em um hardcore/punk que, no Brasil, foi consagrado por grupos como o Ratos de Porão e Gangrena Gasosa.
Lançado em 1988, “Nós somos a América do Sul” foi relançado no fim de 2020 pela Cogumelo Records – a gravadora responsável pelo lançamento original – como parte do projeto de resgatar registros de seu vasto catálogo. O relançamento vem em formato digipack com um encarte com todas as letras, fotos e ilustrações. Isso tudo, claro, seria apenas firula, se a música não fizesse jus ao capricho estético do CD. Felizmente em “Nós somos a América do Sul” Márcio Nhonho (vocal), Zé Flávio (guitarra), Fabrício Baiano (baixo) e Maurício Boka (bateria, atualmente no Ratos de Porão) entregam exatamente o que se espera de uma banda de punk dos anos 1980: músicas furiosas, rápidas e com letras em português protestando contra o cenário da época, tudo em faixas que, no geral, pouco passam dos dois minutos cada.
“Nós somos a América do Sul” tem 17 faixas em pouco mais de 30 minutos, o que faz com que a banda comece com o pé no acelerador e, com raras exceções, mantenha essa toada do começo ao fim. As letras são gritadas com bastante raiva por Márcio e, como dito no parágrafo acima, são um reflexo de seu tempo e tocam questões caras ao Brasil na época, como “Cubatão” e “Disciplina militar”. Outras, como “S.O.S Amazônia”, “Vote nulo” e “Capitalismo” ainda são relevantes nos dias atuais.
Pesado, “nervoso”, rápido e atual, “Nós somos a América do Sul” é um daqueles registros que merecem ser descobertos – ou redescobertos – por todos aqueles fãs de um hardcore/punk de “raiz” no estilo de bandas como DRI e do supracitado Ratos de Porão.
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