1997 marcou o último lançamento de um álbum completo do Sarcófago, um dos pioneiros do black metal mundial. De lá pra cá, a banda lançou apenas um EP e uma coletânea.
No seu projeto de recuperar a discografia de grandes bandas de metal que passaram por seu selo, nossos parceiros da Cogumelo Records relançaram, esse ano, o canto – ou melhor dizendo, o berro gutural – do cisne de uma das bandas mais seminais do cenário do metal extremo brasileiro. “The Worst” veio em um pacote caprichado: embalagem slipcase, pôster dupla-face e quatro músicas bônus, retiradas do EP “Crust”, de 2000.
Para a gravação de “The Worst”, o Sarcófago contava apenas com Wagner “Antichrist” Lamounier (vocal, guitarra) e Gerald “Incubus” Minelli (baixo, teclados). A bateria, programada, ficou sob responsabilidade de Eugênio “Dead Zone”. Aqui a dupla se afastou um pouco de suas origens e apresenta um black metal mais “calmo”, por falta de um termo mais adequado. Descontando-se a introdução “The End”, a maior parte das músicas tem um andamento cadenciado, com a agressão característica da banda mais concentrada nos berros e urros guturais de Wagner. Nessas músicas, o Sarcófago conseguiu criar refrãos bem legais (quase “grudentos), caso de “The Worst” e “Army of the Damned”. Já a agressividade raiz da banda aparece em músicas como “Satanic Lust” e “Shave your Head”. No geral, as músicas de “The Worst” apresentam pouca variação, mostrando-se um álbum bem homogêneo. Isso, no entanto, não o torna tedioso. Ao contrário, são poucos os momentos aqui onde o ouvinte não se sente convidado a bater cabeça – ainda que de maneira mais cadenciada e menos frenética.
O EP “Crust”, de onde saíram as quatro últimas músicas do álbum, segue uma receita similar, mas não exatamente igual a “The Worst”. Ele é aberto com a intro “Sonic Images of the New Millennium Decay”, que começa devagar, mas logo engata em uma cacofonia sonora típica do black metal praticado à época. “Day of the Dead” retoma uma sonoridade mais “raiz”, com guitarras e bateria à velocidade máxima e um vocal gutural/berrado ininteligível e pouco audível. “FOMBM (Fuck Off Melodic Black Metal)” e “Crust” seguem a mesma receita, um black metal sujo, agressivo aos ouvidos (mais sensíveis) e que não ficariam deslocadas na maioria dos álbuns de bandas norueguesas pioneiras desse estilo de música extrema.
“The Worst”, não é, nem de longe, aquilo que a tradução de seu título significa (“o pior”). Na verdade, é um belo fechamento para uma das, não canso de dizer, mais importantes bandas do cenário da música extrema mundial.
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