Resenha: “Recipe of Hate” – Drowned

2022 é um ano interessante, para dizer o mínimo. No Brasil, teremos uma das eleições mais polarizadas da história (ainda que, verdade seja dita, provavelmente será um replay do pleito de 2018 nesse sentido); na Europa, uma guerra sem sentido (a exemplo de quase todas elas) acontece enquanto, no resto do mundo, a pandemia finalmente dá sinais de estar chegando ao seu final.

No meio de tudo isso, eis que o Drowned, uma das principais bandas do thrash/death metal nacional reúne sua melhor formação – Fernando Lima (vocal), Rafael Porto e Marcos Amorim (guitarras), Rodrigo Nunes (baixo) e Beto Loureiro (bateria) – e solta, via Cogumelo Records, “The Recipe of Hate”, seu nono álbum de estúdio e que faz bastante jus ao seu nome.

Se tem uma coisa que o Drowned não faz, é prisioneiros. Desde o segundo inicial de “Death Rounds the Fools”, faixa que abre o álbum, o que escutamos é um thrash/death metal da melhor qualidade. Bebendo na mesma fonte dos pioneiros mineiros do estilo, o Drowned faz uma sonoridade “old school”, mas com uma produção moderna, o que torna o som do álbum bastante limpo, o que é ótimo. Com um pouco de atenção – ou com bons fones de ouvido – pode se perceber todos os instrumentos que apoiam os vocais raivosos de Fernando.

E Fernando seria o destaque individual do grupo, se o resto da banda não executasse muito bem seus papéis, o que fazem com louvor. Tudo funciona muito bem aqui, desde as linhas de baixo, passando pela bateria rápida/precisa e as guitarras que criam riffs e paredes sonoras brutais, sem contar os solos, muito bem encaixados e elaborados, mas sem abusar da virtuose.

Outro destaque do álbum são as letras, que, políticas, criticam bastante a situação do mundo atual e, principalmente, do Brasil. “Hail Captain Genocide” e “Horror Medical Group” são belos exemplos dessa opção do grupo. Essas letras, inclusive, devem ter dado ainda mais inspiração a Fernando, para destilar toda a sua raiva pelo cenário atual em sua performance vocal. As composições também refletem essa necessidade de externar raiva, haja visto haver apenas um pequeno alívio na pancadaria, na forma da instrumental “AD26.COV2-S”. No mais, é pé baixo, brutalidade e agressividade da melhor qualidade!

Lançado no último dia 25 de março, “Recipe of Hate” contou com o trabalho sempre caprichado da Cogumelo. A versão física do álbum – que traz duas faixas além da digital – vem em uma embalagem slipcase, encarte com letras e fotos e um pôster 36×36 cm dupla face. De um lado, a capa do álbum; do outro, o cartaz promocional do mesmo. Com uma prensagem limitada a 500 peças, não é saudável esperar demais para garantir o seu.

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