“A New Medium Ages” é o novo trabalho do Carniça. A banda, formada em 1991 em Novo Hamburgo/RS e atualmente contando com Mauriano Lustosa (vocal), Parahim Neto (guitarra), Kaue Muller (baixo) e Marlo Lustosa (bateria) faz um thrash metal raçudo, mesclado ao death e trazendo mesmo alguma influência do heavy metal tradicional aqui e ali.
Essa influência do heavy tradicional aparece logo de cara na intro “Intro the Dark”, que traz um andamento marcial em certos momentos, se apresentando bem mais leve – por falta de palavra melhor – do que boa parte do resto do álbum.
Esse clima quase tranquilo é estilhaçado quando o álbum começa pra valer com “Dogs of War“, um trash quase old school, que alterna a pancadaria esperada do estilo com momentos um pouco mais calmos, cuja transição é bastante fluída. Uma música pesada que deixa claro o que o ouvinte pode esperar daí em diante.
“País sem Salvação” vem a seguir e é uma típica canção de protesto. Como o nome dá a entender, ela tem letras em português que falam contra a atual situação do país – obviamente, sendo uma canção de protesto, só poderia ir por essa seara. Com um bom refrão e um vocal furioso de Mauriano, o Carniça mostra aos incrédulos que dá pra fazer música muito pesada cantando em nossa língua materna. Algo que se repetirá no álbum, mas isso fica pra daqui a pouco.
“Command” é outra música thrash típica, com um belo solo de guitarra e um excelente trabalho de Marlo nas baquetas – algo que é uma constante no álbum. Toca muito o cara. A seguir temos a faixa título que é mais uma canção de protesto contra a situação da política brasileira atual. Devido a isso, a banda faz uma escolha interessante fazendo com que a música alterne versos em inglês e português para passar sua mensagem de maneira mais clara.
As três músicas a seguir, “You are Dead”, “Sexual Perverted” (um título que remete muito ao death metal brasileiro do início dos anos 1990 e não pareceria deslocado em trabalhos do Expulser ou Sextrash) e “World Demise” seguem mais ou menos a mesma fórmula do thrash old school, com momentos de death e metal tradicional aqui e ali. São todas músicas furiosas, bem compostas, excelentes para bater cabeça junto. Destaque aqui para o solo de guitarra de “Sexual Perverted”.
O Carniça encerra os trabalhos de seu quinto álbum com sua versão particular para “Powerslave”, do Iron Maiden. É inevitável não comparar o trabalho que os gaúchos fizeram aqui com a versão do Testament para a mesma música. Ambas as bandas deram uma personalidade própria para um dos maiores clássicos da Donzela de Ferro.
Lançado em parceria entre Extreme Sound Records, Brutaller Records, Heavy Metal Rock e Thrash or Death Records “A New Medium Ages” é mais um belo álbum de música extrema produzido em terras brazucas. A cópia física vem em uma embalagem slipcase caprichada e traz um encarte com todas as letras das músicas – à exceção de “Powerslave”. É o tipo de álbum que fica muito bonito na prateleira e um belo cartão de apresentação para aqueles que, assim como eu, desconheciam o belo trabalho do Carniça.
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