Jeff Scott Soto é uma daquelas figuras do mundo do rock que mereciam mais reconhecimento do seu talento, tanto por suas proezas vocais como pela forma como consegue conduzir um show em cima do palco. Como não obteve até hoje esse reconhecimento que o permitisse dar uma desacelerada e se concentrar em apenas uma banda, ele segue como um dos principais operários do rock, trabalhando e excursionando quase que incessantemente, o que lhe proporcionou uma carreira bastante diversificada.
Prova disso é que, em sua quarta passagem por Belo Horizonte, ele se apresentou na quarta configuração diferente. Na primeira, em 2012, veio divulgar um álbum de sua carreira solo; em 2016, veio com um de seus projetos, o Soto, e abriu para o The Winery Dogs; em 2018, foi a vez de se apresentar com o Sons of Apollo; finalmente, nesse ano, trouxe um show especial, onde canta músicas do Queen, intercalados com momentos diversos de sua carreira.
Se o show em BH tivesse apenas Jeff Scott Soto, já seria imperdível para qualquer fã do “bom e velho rock and roll”. No entanto, a noite também foi reservada para prestigiar os talentos locais de uma das principais praças do rock e do heavy metal do país, historicamente falando. Assim sendo, a noite de festa começou com o DevilDust. Depois de passar por uma série de problemas, a banda foi reformulada e fez sua reestreia em Belo Horizonte, mostrando ao público que ainda chegava ao Mr. Rock um hard/heavy rock bem legal, cheio de energia e que mostra que a nova formação, caso se firme, tem tudo para se destacar no cenário.
O Electric Gypsy veio a seguir. O quarteto formado por Guzz (vocal), Nolas (guitarra), Pete (baixo) e Robert Zimmerman (bateria) mostrou uma bela presença de palco, com destaque para o carismático vocalista e mostrou ao público seu classic/hard rock tocado com bastante empolgação. Era claro para todos a felicidade que a banda sentia ao estar no palco tocando para aquele público. Se houve alguma coisa que me incomodou no show do Electric Gypsy foi o fato de o baixo estar muito alto, diversas vezes abafando o som da guitarra. Isso, no entanto, não tira em nada o mérito dos caras, que tocaram “More Than Meets The Eye”, “Nine Lives (Until I Die)”, “Hot For Teacher” (cover do Van Halen), “I’m Down (For Her)”, “The Devil Made Me Do It” e “Shoot ‘em Down” em um setlist enxuto, mas bastante adequado.
A atração principal não demoraria a adentrar o palco do Mr. Rock. Jeff Scott Soto, escudado pelos músicos da banda Spektra – B.J. (vocais, guitarra, teclados), Leo Mancini (guitarra), Henrique Canale (baixo) e Edu Cominato (bateria) – é um dos poucos cantores do rock and roll atual a merecer com honras a designação de “showman”. É impressionante o carisma do cara e como ele deixa claro para todos que não só adora o que faz, como consegue transmitir isso para o público, que agora já enchia bem a casa de shows. Claro que uma apresentação calcada nas músicas de uma das bandas de rock mais consagradas da história ajuda, mas isso só não seguraria a empolgação do público. Jeff faz isso com maestria.
Ele não só tem uma voz que sabe usar como poucos. Ao longo de toda a apresentação, ele mostrou muito carisma, brincando e interagindo com o público e dando espaço para os seus músicos de suporte (que, ele deixa bem claro, não estão ali apenas para isso, tanto que em determinado momento sai do palco para deixar que o Spektra toque uma de suas músicas próprias) brilharem. Em todos os momentos fica claro para qualquer um o quanto todos os envolvidos estão se divertindo no palco e esse sentimento passa para o público, tornando toda a experiência ainda mais gratificante.
Falando do setlist em si, o show, como dito anteriormente, tem como base alguns dos principais sucessos do Queen, tais quais “Radio Ga-Ga”, “Bohemian Rhapsody”, “The Show Must Go On” e “Love of My Life”, só para mencionar algumas. Mas Jeff, claro, não perdeu a oportunidade para rever outras passagens de sua carreira e músicas como “Mysterious (This Time is Serious)” do Talisman e “21st Century/Drowning”, de sua carreira solo, estiveram presentes.
O Talisman, inclusive, iniciou o bis, com uma versão estilo samba (sério) de “I’ll be Waiting”, maior clássico da banda sueca. Isso desembocou em uma longa jam que contemplou músicas como “Don’t Stop Believing”, (Journey, por onde Jeff teve uma passagem curta e frustrante, aqui com B.J. nos vocais), “Play that Funky Music”, (Wild Cherry), “Everybody is Kung Fu Fighting”, (Carl Douglas) “Ice Ice Baby”, (Vanilla Ice), e diversas outras, em uma sequência que deixou o público bastante empolgado e fechou com chave de ouro a festa comandada por Jeff Scott Soto.
A festa de Soto acabou, mas ainda havia um show naquela noite. Escalado para fechar os trabalhos, os belorizontinos do Medjay – Phil Lima (vocal e guitarra), Samuka Vilaça (baixo), Freddy Daniels (guitarra) e Riccardo Linassi (bateria) – apresentaram seu heavy metal com temática egípcia para um Mr. Rock quase vazio. Isso, no entanto, não afetou os músicos, que, profissionais, mostraram um metal bem encorpado e competente, com uma apresentação redondinha. Mereciam, certamente, que o grosso do público presente para ver JSS tivesse ficado por ali para prestigiá-los. O setlist do show do Medjay foi o seguinte: “Stargate”, “Shemagh in Blood”, “Death in the House of Horus”, “Mask of Anubis”, “Sarcophagus”, “Tears of the Dragon” (cover de Bruce Dickinson ), “Sandstorm” e “Return of the Medjay”.
Confira abaixo a galeria de fotos do show, pelas lentes de Alexandre Guzansche (DevilDust, Electric Gypsy, JSS) e este humilde escriba (Medjay)
O Rock Master agradece à MS BHz na figura de Márcio Siqueira pela parceria que proporcionou mais essa cobertura.
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