Resenha: “Teenage Rebel” – Nestor

Eu costumo dizer que deve existir alguma coisa diferente na água da Alemanha que permite que o país produza tantas boas bandas de heavy metal, especialmente de power metal. Helloween, Blind Guardian, Rage e Grave Digger são alguns nomes que não me deixam mentir a esse respeito.

Essa anomalia aquática parece se estender e se potencializar na Suécia. Um país que, por anos teve a música entre seus maiores produtos de exportação (se ainda não tiver), os suecos são prolíficos em produzir boas bandas e cantores de todos os estilos, indo do pop ao metal extremo. E um dos mais novos produtos da boa música sueca é o Nestor.

A banda, cujo nome foi retirado do mordomo do Capitão Haddock, fiel companheiro do personagem título da hq “As Aventuras de Tintin”, foi formada em Falköping em 1989. Na época seus fundadores tinham entre 14 e 16 anos, logo desistiram daquela vida e foram investir em outras carreiras. Em 2021, no entanto, Tobias Gustavsson (vocal), Jonny Wemmenstedt (guitarra), Marcus Âblad (baixo), Martin Johansson (teclado) e Matthias Carlsson (bateria) se reuniram para levar seu sonho de adolescentes a sério. O objetivo? Fazer um hard rock totalmente calcado naquele praticado ao redor do mundo nos anos 1980. O resultado? Exatamente o que se poderia esperar de uma banda de hard rock sueca.

Dois anos depois de lançar seu debut, o álbum “Kids in a Ghost Town“, seu novo trabalho, “Teenage Rebel” desembarca no Brasil através de nossos parceiros da Hellion Records – que já havia lançado o primeiro petardo dos caras por aqui – e nos presenteia com nada menos do que uma bela joia oitentista.

“Teenage Rebel” é uma coleção de músicas excelentes, que tem tudo o que um fã de hard rock oitentista procura: músicas agitadas e “para cima”, muito bem compostas, com riffs e solos bem encaixados, um vocalista que sabe o que faz, uma cozinha bem azeitada, os teclados efetivamente colaborando com as músicas, refrões grudentos, a dose certa de virtuosismo e, claro, as power ballads.

“Teenage Rebel” é um álbum redondinho até mesmo na forma como as músicas foram distribuídas, alternando aquelas mais agitadas com as baladas mais cadenciadas, o que traz ao álbum bastante equilíbrio. Um exemplo disso pode ser visto no quarteto “Victorious”, “Caroline”, “The One that Got Away” e “Addicted to your Love”. A primeira é mais agitada, a segunda pisa um pouco no freio, a terceira é a típica balada lenta que, caso os suecos fossem mais populares e esse tipo de coisa ainda existisse, colocaria casais para dançar juntos em alguma casa de festas. Ou – e isso deve acontecer muito – provoca aquele momento nos shows em que todo mundo levanta os celulares com as lanternas acesas e movimenta os aparelhos acompanhando o som da balada. Já a quarta retoma a agitação de “Victorious”.

Posso estar parecendo um fanboy enquanto escrevo esse texto, mas é difícil deixar de reconhecer o quanto o Nestor é uma banda que sabe o que faz. À exceção da primeira música, que é uma intro que poderia ser descartada sem problemas, todas as demais faixas presente no álbum – 11 no total – estão muito bem encaixadas. Nenhuma delas parece estar ali para preencher espaço. E ainda há um bônus no fato de que, apesar de seguirem a fórmula clássica oitentista, todas elas têm uma identidade própria. Não há como escutar “We come Alive”, “Teenage Rebel” ou “21” e confundi-las. Mais um ponto a favor dos suecos.

No fim das contas, “Teenage Rebel” é um produto típico do hard rock sueco. Tanto este álbum quanto o anterior merecem ter destaque na coleção de qualquer fã de bandas como Talisman ou Hardcore Superstar. Ainda mais quando a Hellion faz um trabalho tão caprichado nesse lançamento, com embalagem slipcase e pôster 24×24 reproduzindo a capa da bolachinha. Ainda que esse capricho seja praticamente uma regra dos caras…

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