Em setembro de 2024 o Angra anunciou que daria uma pausa na carreira após uma turnê especial com esse intuito. O número de shows solicitados, no entanto, foi maior do que o esperado e a banda acabou emendando a turnê comemorativa de vinte anos do lançamento de seu álbum “Temple of Shadows” logo a seguir, sendo, então, ela a derradeira. Pelo menos até a volta que, apesar de não ter data definida, não está descartada, segundo nos esclareceu recentemente o guitarrista Rafael Bittencourt em entrevista exclusiva.
A noite especial, que contou com ingressos esgotados, começou com a apresentação do Viper, uma das precursoras do power metal tupiniquim e que tem uma relação muito próxima com o Angra. Afinal, o Viper foi a primeira banda de André Matos, vocalista original do Angra. Essa, inclusive, é a primeira passagem do Viper pela capital mineira desde o falecimento do vocalista/baixista Pit Passarell em setembro passado.
A banda, agora formada por Leandro Caçoilo (vocal), Felipe Machado e Kiko Shred (guitarras), Daniel Matos (baixo) e Guilherme Martin (bateria) está em turnê de divulgação de seu último álbum “Timeless”, de 2023. Seu setlist, no entanto, focou-se principalmente em trazer um apanhado do que de melhor o Viper apresentou em suas quase quatro décadas de existência, com momentos emocionantes nas homenagens a ambos os ex-vocaslistas em músicas como “Rebel Maniac”, “Soldiers of Sunrise”, “Living for the Night” e “The Spreading Soul”.

Em cerca de uma hora de apresentação, o Viper mostrou que, apesar de todas as tragédias que marcaram sua história, é uma banda que resiste e ainda tem muito a acrescentar à cena do power metal nacional.
Já o Angra adentrou o palco fazendo o que sabe de melhor. Pé no acelerador em “Nothing to Say”, uma de suas músicas mais clássicas e pesadas, ideal para o início de uma noite que seria relativamente longa.

A primeira parte do show foi bem curta, com apenas quatro músicas. Além da supracitada, tivemos “Millenium Sun” e as duas partes de “Tides of Change” (retiradas do último álbum da banda, “Cycles of Pain“) antes de “Temple of Shadows” ser levado aos holofotes e ter suas músicas executadas na ordem que aparecem no álbum e praticamente integralmente. A exceção foi “Gate XIII”, deixada de lado sabiamente por ser apenas um outro instrumental que não faz muito sentido ao vivo.
A terceira e derradeira parte da última apresentação do Angra em Belo Horizonte (pelo menos por enquanto) também foi menor, contando com apenas quatro músicas, que jamais podem faltar em um show da banda: “Rebirth”, “Angels Cry” e, no bis “Carry on” e “Nova Era”. Somando-se as partes curtas com “Temple of Shadows” foram praticamente duas horas de show, algo não muito comum atualmente, onde apresentações não passam de 90 minutos.
A relação dos fãs mineiros com o Angra é bastante incomum. Mesmo a banda se apresentando em Belo Horizonte pelo menos duas vezes ao ano, os shows são sempre cheios e a galera responde com bastante empolgação. Essa energia contagia a banda e torna suas apresentações algo empolgante tanto para os músicos quanto o público. É uma sinergia que poucas bandas conseguem. Os fãs, com certeza, sentirão falta do Angra enquanto a pausa se manter. Que, esperamos, que não será longa.
As fotos que ilustram esse texto são de autoria de Will Conrad.
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