Demorou quase seis anos para os malucos do Massacration – a autodenominada “maior banda de heavy metal do mundo”, em uma clara zoeira bem humorada – voltar à capital mineira. A última passagem o quarteto, que às vezes chega a sexteto, liderado pelo vocalista Detonator (Bruno Sutter) foi em 2017, acompanhado pelos mineiros amalucados do Abbakath, banda de Ibirité (MG) conhecida por fazer uma sonoridade própria intitulada black metal preto acústico.
Sempre em boas companhias, dessa vez o Massacration contou com a abertura dos cariocas do Cara de Porco. Apesar de definir sua sonoridade como esgotocore, o Cara de Porco faz na verdade um hardcore com altas doses de punk e uma pitada de heavy metal aqui e ali. Já com uma história longa no underground carioca, o Cara de Porco investe em uma sonoridade agressiva – no bom sentido – muito calcada na presença de palco de seu vocalista, Marcelo Saci. Vestido a caráter o cara consegue atrair as atenções e conduzir o público, contagiando mesmo aqueles que conhecem pouco do trabalho da banda que, no momento, divulga seu quarto álbum, “Música Santa para Demônios”. No seu setlist com cerca de uma hora de duração, o Cara de Porco deu seu recado e conseguiu se apresentar para aquela parcela do público pouco familiarizada com seu trabalho. Destaques da apresentação ficam para “Acreditei em você”, “Música Santa para Demônios”, “Jesus era Preto”, “Linda crackuda”, – onde vemos toda a influência d’Os Raimundos -, “Quero Tocar Iron Maiden” e “Quem Tá no Rock é Para F…”, que fechou a apresentação e deixou o público prontinho para o que viria a seguir.
Quem conhece os shows do Massacration sabe que a banda mistura muita teatralidade e zoeira com música pesada. Assim sendo, a apresentação começa com um sketch cômico, com Boça dizendo que a banda vai se atrasar e interagindo com o público, até ser interrompido por uma paulada – literalmente – de Joselito, ambos personagens de Hermes & Renato, programa que deu origem à banda. Imediatamente após a introdução gravada intitulada – adivinha? – “Intro”, Detonator (vocal), Metal Avenger (guitarra), Red Head Hammet (baixo) e Jimmy “The Hammer” (bateria) adentram o palco para tocar o maior hino da banda, “Metal Is The Law”.
Daí em diante, o Massacration dividiria seu show entre sketches cômicos com as participações especiais programadas de humoristas interpretando Axl Rose, Roberto Carlos e Michael Jackson, além do garçom de “The Bull” e aquelas espontâneas. Em determinado momento Detonator chamou uma fã em uma fantasia do Pikachu para participar do show; em outro, foi um fã mascarado como lutador de luta-livre mexicano – mesmo aparato utilizado por Read Head e Jimmy – que foi chamado ao palco. O quinto membro da banda, Headmaster (guitarra), eventualmente se juntou à banda na última parte da apresentação.
Em termos musicais, o Massacration não lança nenhum álbum novo desde 2009. De lá para cá foram produzidos três singles – “Metal MILF”, (2017), “Motormetal” (2019) e “Metal Galera” (2020) – dos quais “Metal MILF” e “Metal Galera” foram apresentadas ao público. Além delas e das supracitadas “The Bull” e “Metal is the Law”, a banda abordou músicas de seus dois álbuns, “Gates of Metal Fried Chicken of Death” e “Good Blood Headbangers”. Músicas como “The Mummy”, “Evil Papagali”, “Metal Milkshake” e “Metal Bucetation”, que encerrou a apresentação, foram alguns dos destaques da noite.
O Massacration é uma daquelas bandas que sabe que a peça central de um show musical é, claro, a música. E isso os caras fazem muito bem. Mas, ao adicionar o aspecto da zoeira humorística à fórmula, seja zoando a si mesmos, seja o público, eles conseguem um fator diferenciado e mostram porque, mesmo sem muitos lançamentos, ainda se apresentam para casas lotadas pelo país. Como foi o caso do último dia 27 de maio no Mister Rock.
O Rock Master agradece à Isabele Miranda, da assessoria de imprensa da banda, pela oportunidade de realizar essa cobertura.
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