“Esse show é a realização de um sonho”, foram as palavras do guitarrista Rafael Bittencourt em um dos momentos da primeira apresentação da atual turnê do Angra em Belo Horizonte no último dia 14 de Agosto. Não pelo fato de ser um show em Belo Horizonte, porque há tempos o quinteto paulista passa pela capital mineira pelo menos duas vezes por ano. E nem pelo fato de a apresentação acontecer no BeFly Hall, um local maior do que o Angra costuma tocar em Belo Horizonte, porque o lugar não é estranho à banda. A realização do sonho é o formato do show. Pela primeira vez na história o Angra, uma das principais bandas de heavy metal do país, ao lado do Sepultura, retrabalhou suas principais músicas para um formato acústico. E, apesar de uma ou outra estranheza, a coisa funcionou muito bem.
Para essa turnê acústica, o quinteto que, além de Rafael conta com Fábio Lione (vocal), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), contou com um conjunto de cordas, um pianista e um percussionista para que suas músicas funcionassem nesse formato desplugado. A apresentação começou com “Nova Era”, uma das músicas mais significativas da história da banda, já que está presente em “Rebirth”, álbum que marcou a primeira grande mudança em sua formação, quando os fundadores André Mattos (vocal), Luís Mariutti (baixo) e Ricardo Confessori (bateria) resolveram deixá-la para fundar o Shaman. Uma boa escolha para o começo da apresentação, ela foi bem recebida pelo público que compareceu em muito bom número ao BeFly Hall.
A apresentação seguiu bem e teve diversos momentos marcantes. O primeiro deles foi quando Fábio Lione deixou o palco para que Rafael assumisse os vocais em “Reaching Horizons”. Logo a seguir, Vanessa Moreno, que participou das gravações do último álbum do Angra, “Cycles of Pain“, foi chamada ao palco e dividiu os vocais com Lione em “Here in the Now”. Findada esta, Fábio deixa o palco novamente para que Vanessa lidere a releitura do Angra para “Wuthering Heights”, de Kate Bush e que ficou imortalizada – na discografia do Angra – na voz do falecido André Mattos. A cantora mostrou todo o seu alcance e sua versatilidade vocal nessa música.
Ainda com Vanessa no palco, foi a vez de Kiko Loureiro, membro fundador do Angra e que deixou o grupo em 2016 para assumir a segunda guitarra do Megadeth (banda da qual saiu recentemente) subiu ao palco para “No Pain for the Dead’ e permaneceu com seus ex-companheiros até “Bleeding Heart” quando Rafael assumiu os vocais novamente. “Bleeding Heart” encerrou a primeira parte da apresentação. A segunda, no entanto, não demorou muito e, sem Kiko e Vanessa, o Angra terminou o show com a primeira música de seu primeiro álbum: “Carry On”, que, mesmo muito bem executada, me soou estranha quando despida das guitarras furiosas de sua versão original.
Para uma banda que vive em turnê, o Angra precisa ser criativo para preencher seu tempo entre o lançamento de um álbum e outro. A ideia desse formato acústico foi muito bem pensada e, como tudo o que rodeia a banda, muito bem executada. Dada a reação do público presente no BeFly Hall, também foi muito bem aceita.
O Rock Master agradece à Ímpar Shows e a Vianello Assessoria pela oportunidade da cobertura desse show.
* Este texto teve a colaboração de Karina Monteiro.
** A foto que usamos na capa este texto, de Alexandre Gusanshe, é de um outro show da banda e está aqui apenas para fins de ilustração.
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