Apesar de ter começado sua carreira na primeira metade dos anos 1990 com a banda Mitrium, passando ainda por Venus e Symbols, Edu Falaschi alcançou a fama quando assumiu os vocais do Angra no ano 2001, de onde foi sair apenas em 2012. Neste período, ele gravou alguns dos melhores álbuns da história do quinteto paulista, tais quais “Rebirth” (o primeiro deles) e “Temple of Shadows”.
Desde então, Edu vem construído uma carreira solo prolífica mas, nem por isso, deixa de honrar os tempos de glória com o Angra, haja vista o número de turnês que realiza revisitando o legado construído naqueles quase 12 anos.
“Moonlight”, originalmente lançado em 2016 e relançado recentemente pela Voice Music é mais uma homenagem a esse período tão significativo na carreira do cantor. Mas, ao contrário de artistas que simplesmente regravam canções que os consagraram mantendo-as o mais próximo possível do original, aqui Edu resolveu se arriscar. “Moonlight” revisita algumas das principais músicas gravadas pelo vocalista, sim, mas em uma roupagem bastante distinta da original. Ao invés do peso, Edu preferiu investir na delicadeza e no intimismo, despindo as canções de seu peso característico. No lugar das guitarras furiosas, bateria marcante e vocais em falsete ou gritos, temos piano, violino, violoncelo, violão e viola.
Para “Moonlight” Edu se cercou de bons músicos: Tiago Mineiro no piano, Adriano Machado, Paola Redivo e David Gama nos violinos (com Adriano também responsável pelos arranjos orquestrais), Carol Uchoa e Estela Cereso Ortiz na viola e Julio Cereso Ortiz e Thiago Faria no violoncelo. O próprio Edu ficou responsável pelo violão, além, claro, dos vocais.
Essa combinação de talentos criou um produto muito bom onde a delicadeza e o sentimento reinam. É impressionante como Edu conseguiu retrabalhar “Nova Era”, “Arising Thunder”, “Angels and Demons”, a pesadíssima “Spread your Fire” e “Rebirth”, dentre outras, como músicas lentas sem causar estranheza. Por incrível que pareça, ele criou composições onde os solos de guitarra de Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro foram substituídos pelo piano sem que as músicas perdessem qualidade. Com isso ele acaba quase transformando o que seriam simples covers em músicas quase suas (ainda que, à exceção de “Breathe”, do Almah, projeto de Edu, todas as demais pertençam ao Angra).
“Moonlight” é um álbum muito bom para o fã de heavy metal que tem pessoas queridas com as quais gostaria de compartilhar seu gosto, mas encontra resistência devido ao excesso de peso ou rapidez. E é um presente bem legal, ainda mais quando a Voice coloca no mercado um álbum em embalagem slipcase e com um encarte com todas as letras das músicas ali contidas. Como o Natal está chegando…
Agradecimentos: Silvio Golfetti (Voice Music) e João Eduardo (Cogumelo).
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