Desde o lançamento de “Recipe of Hate“, os mineiros do Drowned passaram por duas mudanças significativas. A primeira foi a transformação de quinteto para quarteto, com o guitarrista Rafael Porto deixando a banda. Isso, no entanto, não suavizou a sonoridade do grupo. Muito antes pelo contrário, parece que a formação com apenas uma guitarra fez com que a violência contida no trabalho de Fernando Lima (vocal), Marcos Amorim (guitarras), Rodrigo Nunes (baixo) e Beto Loureiro (bateria) fosse ainda mais exacerbada. Sim, o death/thrash metal dos caras ficou mais pesado com a supressão de um de seus instrumentos.
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A outra mudança, essa talvez mais significativa, foi na temática. Se até 2022 o Drowned era uma banda que cantava praticamente 100% em inglês e se focava em temas caros ao death/thrash, em seu mais novo álbum, “Brasil Visceral“, a banda decidiu abraçar um lado punk de ser, por falta de um termo melhor. O Drowned optou por lançar seu primeiro álbum com letras totalmente em português, abordando questões que, na visão de seus membros, estão presentes na vida cotidiana do país, tais quais “a aliança entre política e religião, a corrupção, a espetacularização da violência e a manipulação das massas pelo poder econômico”, dentre outros, segundo o próprio release divulgado a respeito do trabalho.
Sem entrar no mérito dessa mudança de temática, o fato é que o Drowned entregou um trabalho muito bom em termos sonoros. Fernando consegue transmitir toda sua revolta e raiva em gritos furiosos e guturais pra lá de graves, o que torna difícil para os não iniciados no death/thrash entenderem exatamente o que ele está dizendo. A fúria necessária para que a mensagem seja adequadamente transmitida, está lá e, para o público desse estilo musical, é isso o que importa.

A parte instrumental, como dito no primeiro parágrafo desse texto, casa direitinho com a revolta dos vocais, com um death/thrash bem old school, característico da segunda onda das bandas de metal extremo surgidas em Belo Horizonte na década de 1990 (a primeira formação do Drowned data de 1994). Riffs e solos de guitarra bem encaixados e um trabalho absurdo de Beto nas baquetas estão presentes, com as linhas de baixo do xará Rodrigo ora discretas, ora mais audíveis, mas sempre presentes, dando todo o suporte que o resto da banda precisa para entregar toda a raiva furiosa nas 13 músicas presentes no álbum.
Dessas 13, apenas em uma, a 12ª, “Sem lugar de fala” há algum refresco, pois se trata de uma vinheta instrumental. A música logo anterior, “Expresso 1888” alterna momentos mais cadenciados com passagens mais pesadas, ideais para embalar os gritos de Fernando. Nas 11 faixas restantes, é pé baixo e fúria desmedida que torna impossível não “bater cabeça” junto.
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Como sempre, o nono álbum em estúdio do Drowned foi lançado por nossos parceiros da Cogumelo Records em um trabalho bastante caprichado: ele vem em uma embalagem slipcase e conta com um encarte com todas as letras do trabalho e ainda um pôster dupla-face 24×24.
Apesar de já estar à venda, “Brasil Visceral” terá seu lançamento oficial neste sábado, 03 de maio, quando acontece a feira do vinil do Mix Shopping, pequeno complexo de lojas onde se localiza a Cogumelo, e contará com a presença de membros da banda. O Mix Shopping se localiza à avenida Augusto De Lima, 555 e a feira, que acontece todo o primeiro fim de semana do mês, rola das 10h00 às 16h00.
Foto: press-release
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