Mais uma grande colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master. As imagens são do repórter fotográfico Alexandre Guzanshe.
Em 7 de março de 2015 os holandeses do Epica fizeram seu segundo show em Belo Horizonte, depois de um hiato de praticamente uma década. Na última sexta-feira, quase que precisamente três anos depois, em 9 de março, a banda retornou à capital mineira para dar o pontapé inicial naquela que é, até o momento, a maior turnê do sexteto no Brasil.
Ao contrário do que quase se tornou uma tradição em eventos de rock e metal por aqui, dessa vez não houve atrasos e, o relógio ainda nem marcava 21h30 (hora programada para o início do show) quando as luzes do Music Hall, que recebeu um bom público, ainda que a casa não estivesse lotada, se apagaram e a introdução “Eidola”, que abre o último álbum do Epica, “The Holographic Principle” começasse a soar do PA. Aos poucos, um a um, os integrantes da banda foram subindo ao palco, liderados pelo baterista Ariën van Weesenbeek, logo seguido por Isaac Delahaye (guitarra), Rob van der Loo (baixo), Coen Janssen (teclados), Mark Jansen (guitarra/vocal) e Simone Simons (vocal), dando início efetivo aos trabalhos com “Edge of the Blade”, faixa do novo álbum.
O Epica tem uma base de fãs fiéis e empolgados por aqui, o que faz com que entrem em campo já com o jogo ganho, para usar uma pequena analogia futebolística. Isso faz com que a banda possa arriscar um pouco na montagem de seu setlist brasileiro, que trouxe algumas mudanças com relação ao que estavam tocando nos shows anteriores. Uma dessas mudanças veio, por exemplo, com “Crimson Bow and Arrow”, uma escolha inusitada para se tocar na turnê brasileira, já que a faixa faz parte do EP “Epica vs Attack on Titans”, lançado exclusivamente no mercado japonês. Esse foi, inclusive, o único momento mais morno do show, com o público respondendo de maneira menos empolgada à banda.
De resto, no entanto, o Epica fez um show excelente, com um setlist alternando músicas clássicas como “Sensorium”, passando por consagradas como “Chasing the Dragon” e novas, tais como “Fight your Demons”, do EP “The Solace System”, lançado no ano passado e “Dancing in a Hurricane”, do supracitado “The Holographic Principle”.
Um show de rock/metal não se faz apenas de um bom setlist, mas também de boa presença de palco e carisma e isso os membros da banda tem de sobra. E não me refiro apenas à Simone Simons, com quem conversamos e cuja entrevista você pode ler aqui. Todos os membros da banda deixam bem claro que adoram o que fazem e que estar no palco, tocando para um bando de malucos usando preto é mais do que um trabalho, mas também uma grande diversão para eles. Isaac, por exemplo, pula, brinca, grita e agita o público o tempo todo, o mesmo valendo para Coen, que não deixa o fato de tocar um instrumento mais estático o impedir de demonstrar uma grande presença de palco. Além de apoiar o teclado em uma plataforma que permite que gire o instrumento quase livremente, ele também usa uma versão portátil do instrumento, o que proporcionou um dos momentos mais divertidos do show. Falaremos mais sobre isso abaixo.
Voltando ao show em si, a banda alternou clássicos e músicas mais tradicionais, tendo o ápice em “Cry for the Moon”, música favorita do público brasileiro desde as primeiras passagens da banda por aqui. A primeira parte da apresentação encerrou-se com “Once Upon a Nightmare”, após a qual a banda saiu do palco. Logo, a dupla Coen e Isaac retorna e se dirige ao público por alguns minutos. Coen diz que Isaac tentará falar em português e o que sai da boca dele parece mais um japonês mal-falado do que qualquer coisa similar a uma língua de origem latina, o que arrancou gargalhadas dos presentes. Depois de mais algumas brincadeiras, as coisas ficam mais “sérias” quando a banda retorna por completo para a execução de “Sancta Terra”. Empolgado, o tecladista, com seu instrumento portátil, desce do palco e, primeiro, passeia pelo estreito espaço entre o palco e a grade e, depois, desloca-se para o lado esquerdo do palco, onde havia um espaço livre de pessoas. Ali ele tocou, trocou cumprimentos com o público, enfim, fez uma festa particular, levando o público ali mais próximo ao delírio. Empolgado, Mark também desceu do palco, mas se restringiu ao espaço entre grade e palco.
Com todos de volta ao palco veio “Beyond the Matrix”, música do novo álbum, que manteve o nível de empolgação lá em cima. Ao fim dela, foi a vez de Mark se dirigir ao público e comandar o famoso “wall of death”, no qual pede que a galera se divida ao meio e, ao seu comando, os integrantes de cada lado corram contra o outro, enquanto “Consign to Oblivion”, música mais executada da história da banda, com seus mais de nove minutos de duração, marcava o fim de um dos grandes shows de metal que a capital mineira teve o prazer de receber nos últimos anos.
O Rock Master agradece à Liberation MC e, como sempre, à Eliel Vieira e sua EV7 Live pela parceria que nos permitiu mais essa cobertura.