Pain of Salvation toca para público pequeno – mas fiel – em BH

Veja como foi o show da banda Pain of Salvation em Belo Horizonte. Mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master. Os cliques foram de Alexandre Guzanshe.

Com 10 álbuns de estúdio e quatro ao vivo em sua carreira, o Pain of Salvation se estabeleceu como uma das principais bandas dentro do restrito cenário ao qual a indústria musical se refere como rock/metal progressivo. Visando divulgar justamente seu último álbum, o ótimo “In the Passing Light of Day”, a banda desembarcou no Brasil na semana passada para uma série de quatro shows, um deles acontecendo na capital mineira.

O show em Belo Horizonte aconteceu na sexta-feira, dia 27, no Granfino’s, modesta casa de shows que já recebeu bandas como ReVamp, Sonata Arctica, Adrenaline Mob e Massacration, dentre outras. Devido a suas dimensões, o Granfino’s é ideal para shows de bandas de menor expressão, onde há uma boa proximidade com o público. Ainda que esse, na ocasião, não fosse dos melhores em termos de quantidade.

Independente disso, é seguro dizer que o Pain of Salvation fez uma apresentação praticamente irrepreensível e deixou todos ali presentes não só satisfeitos, mas torcendo para que essa não tenha sido a única oportunidade de vê-los ao vivo na cidade. Se isso vai mesmo acontecer – e as chances tendem para que a banda não retorne – isso só o tempo dirá.

Divagações a parte, pouco antes do horário marcado para o show, o quinteto formado por Daniel Gildenlöw (vocal/guitarra), Johan Hallgren (guitarra), Gustaf Hielm (baixo), Léo Margarit (bateria) e Daniel Karlsson (teclados) adentrou o palco para a execução de “Full Throttle Tribe”, uma das faixas mais pesadas de “In the Passing Light of Day”. Isso já colocou o público no clima do show, que cantou a todo pulmão o refrão da música.

“Reasons” e “Meaningless”, ambas também de “In the Passing Light of Day” vieram a seguir, com “Linoleum” e “Rope Ends” em sua cola. Aí aconteceu um fato interessante. Assim que acabou “Rope Ends”, parte do público começou a pedir “Beyond Pale”, música que, de acordo com minhas fontes, não esteve presente no setlist tocado no dia anterior no Rio. Sem muita saída, a música foi adicionada à noite, o que mostrou mais uma vez a sintonia entre público e banda. A galera, novamente, se esgoelou principalmente no refrão da música.

Após isso a apresentação do Pain of Salvation seguiu seu roteiro  sem maiores alterações. É verdade que houve um pequeno problema técnico com o microfone de Daniel que paralisou o show por uns cinco minutos, mas isso não trouxe qualquer demérito à performance da banda ou à produção do evento, que se mostrou bastante competente como um todo.

A longa “On a Tuesday”, faixa que abre “In the Passing Light of Day” fechou a primeira parte da apresentação da banda e deu ao público a oportunidade de ver o baterista Léo mostrar seus dotes vocais, já que faz uma das vozes da canção. Como já é praxe em shows de rock/metal, não demorou muito e a banda voltou para encerrar o show com a longa “The Passing Light of Day”, música que também fecha seu último álbum.

Uma das coisas mais legais no show do Pain of Salvation foi ver como, mesmo com uma presença de público abaixo do esperado, a banda não se abalou e deu o melhor de si em cima do palco. Daniel se mostrou bastante carismático e se dirigiu diversas vezes ao público, agradecendo a presença e fazendo brincadeiras com seus companheiros de banda, tendo o filho pródigo Johan (que esteve na banda entre 1997 e 2011 quando saiu para retornar no ano passado) como seu principal alvo. O setlist escolhido também foi muito bem pensado para que  show alternasse momentos de bastante energia com aqueles mais intimistas, o que se mostrou bem adequado às dimensões reduzidas do Granfino’s.

Com relação ao público, é mais ou menos o que se viu no show do Delain no ano passado. Havia pouca gente, mas é seguro dizer que quase todos ali presentes são fãs fiéis da banda, já que cantaram e agitaram em praticamente todo o tempo da apresentação. Outra prova dessa fidelidade pode ser vista no movimento ao redor da banca de merchandising, com diversos itens se esgotando rapidamente. Isso, no entanto, não apaga o fato de que o público de Belo Horizonte precisa comparecer mais a shows de bandas com material autoral, especialmente as de fora. Caso esse cenário não se altere, não vai demorar para que a cidade volte a ser preterida por outros centros na hora de produtoras organizarem turnês de bandas menores pelo país.

Um último registro relacionado ao público: foi legal ver um casal que levou sua filhinha, uma menina que, imagino tenha uns 3 anos, para o show. Isso nos dá esperança de que parte da nova geração goste de música boa e não ceda à tentação do funk carioca e demais porcarias que infestam nossas rádios e TVs.

Como não poderia deixar de ser, o Rock Master agradece à Eliel Vieira e sua EV7 Live e Márcio Siqueira (MS BHz) pela parceria que nos proporcionou a oportunidade de mais essa cobertura.
 
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