Resenha: “Clandestine Live” – Entombed

O Entombed é, sem sombra de dúvidas, um dos principais nomes do death metal escandinavo – o que não é um feito nada desprezível, haja vista o número de bandas de metal extremo de qualidade surgidas nas terras geladas do norte da Europa. Surgida em 1987, o primeiro registro da banda, “Hand Left Path”(1990), já mostrou ao que os caras vieram. “Clandestine” (1991), “Wolverine Blues” (1993) e “DCLXVI: To Ride Shoot Straight and Speak the Truth” (1997) são, até hoje, considerados não só clássicos da banda, mas álbuns essenciais para o death metal sueco.

Como não poderia deixar de ser com a maioria das bandas que passam por aqui, o Entombed também passou por problemas envolvendo trocas de membros, separações e até uma briga judicial que gerou o Entombed AD. Isso, no entanto, não é tão importante quanto o fato de depois de tanto tumulto, três dos membros originais da banda – o baterista Nicke Andersson (conhecido pelo seu trabalho na banda The Hellacopters e atualmente também no Lucifer) e os guitarristas Alex Hellid e Uffe Cederlund – juntamente com o vocalista Robert Andersson e o baixista Edvin Aftonfalk, se reuniram e, em 2016, fizeram um show especial comemorando os 25 anos de lançamento de seu segundo álbum, que cimentou a carreira do Entombed na cena do death metal. O resultado disso é “Clandestine Live”, lançado por aqui neste ano pela Hellion Records.

Como o parágrafo acima deixa praticamente claro, “Clandestine Live” traz o Entombed tocando, na íntegra, o seu álbum de 1991 com a formação completa da banda na época – devido a brigas com o então vocalista Lars-Göran Petrov, Nick acumulou as funções – adicionando ao setlist duas músicas não presentes no trabalho em estúdio: a famigerada “Intro”, quase onipotente em performances ao vivo de bandas de qualquer variação do heavy metal e “Left Hand Path”, música título de seu álbum de estreia e que fecha a apresentação.

Para quem conhece “Clandestine”, a versão ao vivo do álbum não traz novidades, à exceção da mudança nos vocais. Robert Andersson faz um trabalho muito bom e quase não há diferenças entre seu estilo e aquele do seu irmão mais velho. A dupla Alex-Uffe soa muito bem, com riffs e solos bem encaixados e que, se não são 100% iguais àqueles executados no estúdio, as pequenas variações não incomodam e Nick mostra que sua passagem por projetos mais voltados para o rock and roll tradicional não diminuíram em nada sua habilidade de castigar – no bom sentido – as peles de seu instrumento. Arrisco a dizer que sua técnica até mesmo melhorou após essas incursões musicais diversas.

Com as versões ao vivo de “Living Dead”, “Sinners Bleed”, “Crawl” e “Stranger Aeons” soando tão bem quanto as originais de 1991, “Clandestine Live” é um registro muito legal especialmente para os fãs do Entombed, órfãos de uma banda que não produz nada novo desde 2007. Vale também para aqueles interessados em conhecer mais sobre os primórdios de uma das grandes bandas do death metal escandinavo.

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