Resenha: “Rotting” – Sarcófago

Em sua iniciativa de relançar álbuns clássicos de seu catálogo, parte da comemoração de seus 40 anos de atividade, a Cogumelo trouxe, recentemente, um presente para qualquer fã do metal extremo: “Rotting”, o segundo álbum do Sarcófago, um dos maiores nomes da história do metal extremo mundial.

Surgida em Belo Horizonte na segunda metade dos anos 1980, o Sarcófago logo alcançou notoriedade no underground mundial com seu álbum de estreia, “INRI” (1987), um trabalho revolucionário, que mandou ondas de influência por todo o mundo do metal extremo na época, tanto que reverberou e ajudou a moldar a cena norueguesa, um dos ápices do movimento até hoje. Dois anos depois, o trio então formado por Wagner Antichrist (vocal e guitarra), Gerald Incubus (baixo) e M. Joker (bateria, atualmente no Uganga) soltou este “Rotting”, que muitos consideram um EP pelo fato de ter apenas seis músicas, chegando na casa dos 32 minutos.

“Rotting” traz algumas diferenças em relação à “INRI”. A produção do álbum está mais limpa, as músicas estão mais longas e a banda demonstra que seu som está mais direcionado ao thrash/death, ainda que o black e mesmo o doom se mostrem presentes, trazendo o que de melhor o metal extremo na época tinha a oferecer.

Deixando de lado a introdução “The Lust” que se consiste, basicamente, de gemidos de mulheres e gritos de demônios, o Sarcófago abre os trabalhos efetivamente em “Rotting” com “Alcoholic Coma”. Ela começa com riffs intensos característicos do black e uma bateria absurda de Joker, diminui a pancadaria, desacelera ainda mais até parecer uma música de doom apenas para acelerar novamente , combinando alguns dos melhores elementos do metal extremo. A ela se segue “Tracy”, que traz tanto longos trechos ritmados quanto riffs absurdamente rápidos apoiados, novamente, pela precisão e velocidade absurda de M. Joker nas baquetas. “Tracy” dá lugar à faixa título, um dos trabalhos mais maduros do Sarcófago até então. “Rotting” segue o mesmo modelo de “Tracy”, ainda que mais influenciada pelo doom em sua maior parte.; “Sex, Drinks and Metal” é a faixa mais curta e dissonante do álbum em termos de letras, que são uma ode ao estilo que muitos afirmam que todo headbanger deveria seguir. Finalmente, “Rotting” se encerra com uma releitura de “Nightmare”, faixa presente em “INRI”, em uma versão que a torna ainda mais épica do que a original.

Além dessa pérola do metal extremo, presença essencial na coleção de qualquer fã do gênero, o relançamento de “Rotting”, como é de praxe nessa iniciativa da Cogumelo, vem em formato digipack e traz um DVD com o registro de um show gravado em Belo Horizonte em 1991. Para esse show, a formação do Sarcófago é diferente daquela que gravou “Rotting”, já que tem a adição do guitarrista Fábio Jhasko e as baquetas cabiam a Lúcio Oliver. Apesar de a qualidade de imagem e som serem bem abaixo daquela dos dias atuais, vale pela oportunidade de ver um dos maiores nomes do metal extremo da história em ação. 

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