Resenha: Alcatrazz – “V”

O Alcatrazz é uma daquelas bandas que merecia um reconhecimento e uma carreira mais bem sucedidas mas, devido a fatores múltiplos, jamais alcançou esse status. Formada no começo dos anos 1980 pelo vocalista Graham Bonnet (ex-Rainbow), Jimmy Waldo (teclados) e Gary Shea (baixo), o Alcatrazz já teve em sua formação os guitarristas Yngwie J. Malmsteen (entre 1983 e 1984), Steve Vai (1984-1986) e o baterista Clive Burr (Iron Maiden), ainda que este tenha permanecido apenas uma semana e nunca tenha gravado nada com a banda.

Naquela década, o Alcatrazz lançou três grandes álbuns: “No Parole from Rock ‘n’ Roll” (1983), “Disturbing the Peace” (1985) e “Dangerous Games” (1986). No ano seguinte, a banda se separou e não se ouviu mais falar do Alcatrazz até 2020, quando o grupo reformulado com Bonnet, Waldo, Shea, o guitarrista Joe Stump e o baterista Mark Benquechea retornou à cena com “Born Innocent”. Em dezembro daquele mesmo ano, Bonnet deixou a banda e montou sua própria versão do Alcatrazz. Os demais membros então recrutaram o experiente Doogie White (Yngwie Malmsteen’s Rising Force, Rainbow, Michael Schenker Group) e com essa formação (White, Stump, Waldo, Shea e Benquechea) entraram em estúdio no ano passado e saíram de lá com seu quinto álbum de estúdio, chamado, simplesmente “V”.

Independente de tudo o que passaram, ou talvez por causa disso, o quinteto responsável pelo Alcatrazz sabe muito bem o que faz. “V” é uma aula de hard rock oitentista, trazendo todos os bons elementos daquela época. As faixas do álbum variam entre um rock rápido – mas não muito – e mais cadenciado, com a cozinha formada por Waldo, Shea e Benquechea segurando bem a onda, Stump mostrando-se à altura de substituir Malmsteen e Vai, e Doogie fazendo o que sempre fez, com sua voz adicionando qualidade às composições do quinteto.

O que o Alcatrazz faz aqui é o chamado rock de arena. São músicas muito bem compostas, com um dos objetivos claros de serem cantadas pelo público em estádios cheios. A banda investe muito bem em refrãos “grudentos” e faz um bom trabalho nesse quesito. Várias das faixas do álbum, tais quais “Nightwatch”, “Grace of God“, “Target”, “Maybe Tomorrow”, “Nevermore” e “House of Lies” são do tipo cujo refrão gruda na cabeça quase que imediatamente. Por sorte, são músicas excelentes, de forma que esse grude não traz desconforto, muito antes pelo contrário.

Devido a tudo isso, é certo dizer que “V” é um dos grandes álbuns de hard rock lançados no ano passado. Item obrigatório na coleção de qualquer um fã do estilo.

Agradecimentos: Heavy Metal Rock e Som do Darma.

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