No último dia 14 de agosto, os mineiros do Tuatha de Danann fizeram um show especial no Mr. Rock, em Belo Horizonte, em ocasião dos 25 anos de existência da banda liderada pelo multi-instrumentista Bruno Maia. Como o próprio explicou em determinado momento do show, em 2022 a banda, na verdade, completa 26 anos. Inicialmente, a turnê para comemorar o quarto de século da banda fora planejado para 2021 mas, como todos sabem, as restrições sanitárias devido à pandemia de COVID fizeram com que a festa fosse adiada.
Para marcar a ocasião, o Tuatha convidou quatro bandas. A primeira delas, Falsa Luz, se apresentou para um Mr. Rock praticamente vazio por volta das 15h00. Tanto em sua sonoridade quanto atitude, o quarteto de Belo Horizonte apresenta uma mistura de influências vindas do metal extremo norueguês dos anos 1990, do punk e do grindcore (ainda que com um pouco mais de melodia do que esse estilo musical). A banda faz uma música furiosa, com letras gritadas de maneira ininteligível, com pé no acelerador quase que o tempo todo, permitindo poucos respiros. Na melhor atitude “estou nem aí”, a banda entra no palco, dá o seu recado musicalmente e sai sem ter qualquer tipo de interação com o pequeno público que, então, já havia chegado ao Mr. Rock.
Atitude diametralmente diferente do Loss, trio belorizontino formado por Marcelo Loss (voz e baixo), Adriano Avelar (guitarra e vocais) e Teddy Bronsk (bateria). Com uma boa presença de palco e preocupado em conversar com o ainda pequeno público que se encontrava nas dependências do Mr. Rock, o Loss fez uma apresentação bem calcada em seu álbum de estreia, “Storm“, apresentando um hard rock muito bem feito. Carismático, Marcelo conversou com o público, agradecendo a presença e contando um pouco da história da sua banda. Além das músicas presentes em “Storm”, o Loss teve dois covers em seu show: “O Medo”, dos também belorizontinos do Concreto e “I Don’t Know”, clássico de Ozzy Osbourne que fechou uma boa apresentação do power trio.
A terceira banda da noite se apresentou para um público um pouco maior e mais animado. Formado em 2016 em Jundiaí (SP), o Riffcoven é outro power trio. Diferente do Loss, no entanto, a banda investe em um rock clássico típico do começo dos anos 1970, com uma boa influência do doom metal popularizado pelo Black Sabbath de então. Com boa presença de palco, bons instrumentais e boas melodias, a banda, assim como o Loss, alterna músicas com letras em inglês e português. Apesar do setlist curto, o Riffcoven fez um bom apanhado de sua discografia em uma apresentação que cumpriu bem o papel de mostrar seu trabalho para aqueles que não os conhecia e preparar ainda mais o público para o que viria a seguir.
E o que vinha a seguir era o Pesta, banda que já tem uma boa reputação no underground mineiro, especialmente de Belo Horizonte. Similarmente ao Riffcoven, o Pesta é adepto de uma sonoridade que remete aos primeiros trabalhos do Black Sabbath, ou seja, rock clássico com diversos riffs arrastados e pesados. Com bastante experiência musical, se aproveitando de sua notoriedade local e do carisma do vocalista Thiago Cruz, o Pesta fez um show bem legal, passeando por sua discografia e mostrando porque a cada dia vem conquistando mais espaço e respeito dentro do cenário da dita “música pesada” nacional.
Finalmente, com um pouco de atraso – mas nada que frequentadores de shows de rock e metal não estejam acostumados – a atração principal da noite chegou ao som de “Moytura”. Prometendo uma noite especial, onde faria uma viagem por toda a sua discografia, o Tuatha cumpriu bem a promessa. Desde o começo a banda tinha o público na mão – ou o público tinha a banda na mão? Não dá pra saber, tamanha a sinergia quase simbiótica entre o sexteto sobre o palco e o agora bom público presente no Mr. Rock.
Ao longo de toda a apresentação se viu o carinho do público para com a banda de Varginha, que fez jus a esse sentimento daqueles ali presentes. Praticamente todas as músicas do Tuatha foram cantadas ou entoadas de alguma forma pelo público ao longo de sua apresentação. O clima gerado por isso e pela presença de palco da banda foi bem legal. Quem estava nas primeiras filas do show, que não teve grade e permitiu que diversas pessoas – como este escriba – conseguissem assistir à apresentação apoiadas no palco, puderam conferir a alegria dos integrantes do Tuatha a voltar aos palcos de BH. Seus integrantes não conseguiam conter essa satisfação, mostrando sorrisos em seus rostos o tempo todo. O violonista Nathan Viana, inclusive, deixou essa empolgação transbordar ao, em determinado momento, descer do palco e tocar boa parte de uma das músicas no meio da galera.
Com uma apresentação recheada de clássicos como “Believe: it’s true!”, “Tan Pinga ra Tan”, “Dance of the Little Ones”, e “Us”, o Tuatha fechou um show praticamente irrepreensível em BH com “The Last Words”, música composta e escrita para a coletânea “Hamlet”.
Quem foi ao Mr. Rock no dia 14 de agosto esperava uma boa festa, especialmente proporcionada pelo Tuatha de Danann e, com certeza, saiu de lá mais do que satisfeito.
Fotos: Loss (Rodrigo Monteiro), Pesta e Tuatha (Alexandre Guzanshe). (Por questões fora de nosso controle, não conseguimos registrar em imagens as apresentações da Falsa Luz e do Riffcoven).
Loss
Pesta
Tuatha de Dannan
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