Manifesto Cerrado conta a história do Uganga

 

Olha mais uma colaboração do Rodrigo “Piolho” Monteiro para o Rock Master.

O Uganga é uma das mais longevas e importantes bandas de metal de Minas Gerais. Adepta do thrashcore, estilo que combina elementos do hardcore com do thrash metal, a banda fundada em 1993 tem cinco álbuns lançados, sendo um deles ao vivo e, para comemorar mais de duas décadas de estrada, soltou no mercado recentemente este “Manifesto Cerrado”, seu primeiro DVD cujo conteúdo também está disponível gratuitamente online.
“Manifesto Cerrado” traz uma diferença com relação ao material geralmente lançado por bandas de rock/metal não pelo seu conteúdo, composto de uma apresentação ao vivo e um documentário, mas pelo fato como ele está disponibilizado no DVD. Aqui temos primeiro o documentário e depois a apresentação ao vivo. Assim sendo, é natural que a resenha também siga esse formato.

O documentário é um apanhado interessante da carreira do Uganga, mostrando desde seus primórdios, quando foi idealizada por Manu “Joker” Henriques, nome conhecido no metal mundial por ter sido responsável pelas baquetas do Sarcófago. Na época, a banda se chamava Ganga Zumba e Manu exercia a função de baterista. Na medida em que o tempo se passou, o Uganga precisou mudar de nome devido ao fato de já haver uma banda chamada Ganga Zumba na Bahia e, como acontece em quase todos os grupos do estilo, sua formação também passou por diversas mudanças antes de se estabilizar. A mais radical delas foi Manu ter migrado da bateria para os vocais, fazendo esse trabalho com bastante competência.

O documentário avança de maneira rápida de 1993 para o fim da década de 1990, mostrando uma participação da banda na MTV, passa pelos lançamentos dos primeiros álbuns e se foca principalmente no que aconteceu com o Uganga na última década, especialmente de 2012 em diante. Aqui o foco se divide entre o processo de gravação do último álbum da banda, “Opressor” (que foi lançado em 2014) e a sua primeira turnê pela Europa. Nessa época a formação da banda já estava estabilizada e o Uganga, além de Manu, contava com Christian Franco e Thiago Soraggi (guitarras), Raphael “Ras” Franco (baixo/vocais) e Marco Henriques (bateria). Uma formação bem familiar, já que Manu e Marco são irmãos, assim como Christian e Raphael.

As peripécias do quinteto e sua primeira passagem pela Europa, em 2013, ocupam boa parte do documentário. É dada grande atenção também para um período difícil que veio logo após, quando os membros da banda foram acometidos por doenças e acidentes, o que culminou no afastamento de Christian do Uganga, dando seu lugar, temporariamente, para Maurício “Murcego” Pergentino, guitarrista também do Canábicos. Christian eventualmente retornaria ao Uganga e, graças ao bom relacionamento desenvolvido com Maurício, o Uganga hoje em dia tem 3 guitarristas em sua formação. Além do Uganga, Maurício também é guitarrista do Canábicos, banda cujo mais recente álbum, “Intenso” foi analisado pelo Rock Master aqui.

Continuando, o documentário segue até o processo de pré-produção do próximo álbum do Uganga, ainda inédito. O documentário traz também algumas participações especiais, com destaque para os depoimentos de Arthur Von Barbarian, da banda Vulcano, que teve uma de suas músicas, “Who Are the True” regravada pelo Uganga em “Opressor”; Ralf Klein, da banda Macbeth e Murillo Leite, da banda mineira Genocídio (ambos tiveram participações especiais em “Opressor”); Eliton Tomasi, empresário da banda e de integrantes dos gregos do Terrordrome, que dividiu os palcos com o grupo mineiro em sua primeira excursão européia. A primeira parte do DVD se encerra com os planos do Uganga para as próximas duas décadas.

A segunda parte traz um show gravado pela banda na Estação Stevenson. Uma antiga estação ferroviária construída em 1927 e localizada à beira da estrada que liga as cidades mineiras de Araguari e Uberlândia, a apresentação do Uganga no local foi bem intimista. Com a banda – então ainda um quinteto – disponibilizada em um círculo e rodeada apenas por familiares e amigos mais próximos, o show contou com diversas participações especiais: o DJ Vouglas Eremita em “Couro Cru”, o vocalista da banda mineira Scourge, Juarez “Tibanha” Távora em “Moleque de Pedra” e Mestre Mustafá, Tatiane Ribeiro e Lílian Salgado, percursionistas, em “Noite”.

O setlist do show é, em grande parte, focado nas faixas presentes em “Opressor”, mas faz um bom apanhado de toda a carreira do Uganga. Mesmo sendo em um ambiente mais intimista, o Uganga não economiza na sua pancadaria costumeira e traz versões matadoras para músicas como “Sua Lei, Minha Lei”, “Aos Pés da Grande Árvore” e “Who Are the True”, além da supracitada “Moleque de Pedra”. Ao todo são 11 músicas em cerca de 48 minutos de uma apresentação bastante intensa.

Como dito no primeiro parágrafo, todo o conteúdo do DVD foi disponibilizado pela banda em seu canal no Youtube. Independente disso, vale a pena ter o material físico, já que ele foi feito com bastante cuidado pela Sapólio Records, que se preocupou em incluir a opção de legendas em inglês para atender ao público internacional da banda.

Agradecimentos: Som do Darma

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