Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!
Em 1989, o Morbid Angel se apresentou ao mundo com “Altars of Madness”, uma paulada que muitos consideram um dos mais importantes álbuns de death metal da história. Ao longo dos anos seguintes, a banda passou por todos aqueles problemas típicos de grupos de metal, incluindo mudanças de formação que, ora foram benéficas para seu trabalho, ora nem tanto.
Em 2011, a banda lançou “Illud Divinus Insanus”. Neste álbum, seu oitavo, eles investiram tanto em experimentações, adicionando elementos industriais e mesmo eletrônicos em sua sonoridade, que ele contribuiu (ou não) para que, após sua turnê de divulgação, o Morbid Angel implodisse. David Vincent (vocal/baixo), Destruchtor (guitarra) e Tim Yeung (bateria) deixaram a banda em junho de 2015, sobrando apenas o fundador, o guitarrista Trey Azagthoth.
Trey, no entanto, foi rápido e, antes mesmo da cadeira de David, esfriar trouxe de volta o vocalista/baixista Steve Tucker, que fizera parte do Morbid Angel entre 1997/2001. Juntaram-se a eles o baterista Scotty Fuller e logo o trio entrou em estúdio. Saíram de lá em 2017 com “Kingdoms Disdained”, seu nono álbum, e um substituto para Destruchtor, o guitarrista Dan Vadim Von (que gravou apenas um solo para o álbum. Todas as guitarras do trabalho ficaram sob a responsabilidade de Trey.
A grande pergunta aqui é se valeu a espera de seis anos pelo novo trabalho do Morbid Angel. A expectativa em torno dele não era tão grande, haja vista o fato de “Illud Divinus Insanus” ter sido tão mal recebido que praticamente qualquer coisa que a banda fizesse que os devolvesse à sua sonoridade mais clássica seria um avanço. E foi isso o que o Morbid Angel fez: voltou às raízes. Ou, pelo menos, tentou.
“Kingdoms Disdained” não é um álbum ruim. Mas também não é um daqueles trabalhos que ocuparão uma posição de destaque na discografia da banda. Não é, nem de longe, marcante como “Altairs of Madness” ou “Covenant” (1993).
O nono trabalho do Morbid Angel é um bom esforço e é bem homogêneo como um todo. Pode-se perceber toda a raiva e agressividade da banda, especialmente nos vocais de Tucker e no excelente trabalho do baterista. Inclusive, a produção do álbum parece até ter favorecido este instrumento, em diversos momentos fazendo ele soar mais alto do que as guitarras. Trey também segura a onda com alguns riffs interessantes e uma dupla de bons solos. E é isso. No mais, não há novidades no novo som do Morbid Angel. Tudo o que está em “Kingdoms Disdained” já foi feito pela banda anteriormente e, em algumas ocasiões, de forma melhor.
Recomendado apenas para fãs, “Kingdoms Disdained” é aquele tipo de álbum que precisa de diversas audições para ser devidamente assimilado e, mesmo, apreciado. Aqueles fãs de longa data saberão ver seu valor; já para aqueles que nunca escutaram a banda, “Kingdoms Disdained” não é um bom cartão de apresentação.
“Kingdoms Disdained” foi lançado no Brasil este ano pela Hellion Records.
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