E o Rock Master esteve no show do ex-Oasis Noel Gallagher em Belo Horizonte. O texto é de Rodrigo Seabra. As fotos são de Fred Jota.
Noel Gallagher é um sujeito que tem um repertório invejável à sua disposição. Em sua mini-turnê pelo Brasil, deixou Belo Horizonte por último, em apresentação no último sábado, 10 de novembro, no Km de Vantagens Hall. E, mesmo com tanta música boa, com tanta carreira bem-sucedida nas costas, seja com o Oasis ou com seus atuais High Flying Birds, fez um show apenas correto, ocasionalmente bem divertido, com momentos francamente chatos e outros da mais absoluta glória musical.
Os High Flying Birds, firmes, coesos, muito competentes, atualmente contam com dois ex-integrantes do Oasis – o guitarrista Gem Archer e o baterista Chris Sharrock – e com o tecladista Mike Rowe, colaborador de longa data também do Oasis, o que garante a fidelidade dos hits mais antigos. Mas tem de ficar muito claro que os três discos mais recentes da carreira de Gallagher – que seria considerada uma carreira solo, mas ao mesmo tempo do lado da banda nova que ele insiste em nomear – trazem gemas incontestáveis e comparáveis aos bons tempos da banda anterior, mais famosa. São pontos altos do show, por exemplo, os singles “AKA… What a life!” e “If I had a gun…”, do primeiro disco dos High Flying Birds, assim como “Holy mountain”, do terceiro. Entremeando, os músicos executam dois ou três momentos bem chatos que não têm outro propósito a não ser o de divertir a própria banda. Se apenas jogasse para o público, não seria o mesmo Noel Gallagher que viemos acompanhando já há uns 25 anos.
Os momentos mais fortes, tanto em termos de repertório quanto em participação maciça do público, são sem dúvida as adoradas músicas do Oasis. Em BH, ao que parece, Noel não se desviou muito do que vinha tocando ao longo da turnê: “Supersonic” veio como violão e voz; “Whatever” e seu lado B, “Half the world away” (em breve no quadro Rock na TV, aqui no Rock Master), aparecem com banda completa. Uma pequena surpresa para mim – já que eu não estudei a lista de músicas antecipadamente – foi como ficou bom ao vivo o single “Little by little”, um hit tardio do Oasis. “Don’t look back in anger” começou de maneira disfarçada: nada do piano de “Imagine” e só uma pandeirola marcando o tempo, e eis que surge devagarinho um dos maiores hinos da década de 1990. E, em matéria de hino, claro que não faltou “Wonderwall”, cantada em uníssono e com a banda entrando aos poucos.
Trata-se de um show agradável de maneira geral, como deveria ser, mas qualquer fã de qualquer momento da carreira de Noel Gallagher sabe que determinadas músicas poderiam e deveriam ser trocadas por outras de mais apelo. A gente entende como é dura a vida de quem está divulgando um trabalho novo quando todo mundo só quer ouvir os sucessos consagrados…
(foto abaixo de Álvaro Castro)
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