“Allied Forces”, do Triumph, é um álbum que você precisa ouvir

Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!

O ditado que diz que o mundo é injusto muitas vezes pode ser exagerado ou dramático demais. Outras vezes, ele se aplica de maneira injustamente eficiente. Na música, especialmente no rock and roll, estar no lugar certo, na época certa, pode fazer toda a diferença para a fama e fortuna de uma banda ou músico, independente de seu talento.

O Triumph, banda formada por Rik Emmett (guitarra, vocais), Mike Levine (baixo e teclados), e Gil Moore (bateria, vocais) se encaixa nesse caso. A banda estava no lugar errado, na hora errada. Tivesse surgido no meio da década seguinte em Los Angeles, muito provavelmente teriam alcançado o status de um Guns N Roses, Motley Crue ou Bon Jovi. Como foi formada em Toronto, Canadá, em 1975, seu sucesso, ainda que grande dentro de seu país natal e relativo nos EUA (o que lhes rendeu quase três dezenas de discos de ouro e platina), não foi douradouro o suficiente. A história da banda termina em 1993. Sua música, no entanto, foi preservada e “Allied Forces”, lançado em 1981, e cuja versão em CD foi chega por aqui pela primeira vez neste ano através da Hellion Records, é a principal prova do talento do power trio canadense.

“Allied Forces” é o quinto álbum do Triumph e é, para muitos críticos da época e que estão descobrindo o som da banda agora, um dos destaques em sua discografia. Em “Allied Forces” o Triumph traz tudo aquilo que se espera de uma boa banda de hard rock: bons riffs e solos de guitarra, uma cozinha (baixo e bateria) bem azeitados, grandes refrões, baladas e, principalmente, músicas muito bem construídas onde não se percebe que o grupo não tinha medo de arriscar.
“Allied Forces” tem nove faixas, sendo que duas delas “Air Raid” e “Petite Etude” são instrumentais e bem curtas (pouco acima de um minuto), que servem mais como introduções para o que vem a seguir do que músicas em si. O resto do álbum é bastante consistente e, mesmo 37 anos após seu lançamento, bastante relevante.

“Fool For Your Love” abre o álbum com um grande riff de guitarra e o baterista Moore comandando os vocais em uma música tipicamente hard rock dos anos 1980. A ela se sucede “Magic Power”, que traz um clima mais pop, bastante comercial inclusive; “Air Raid” vem a seguir e é uma vinheta para a faixa título, que justifica sua importância ao emprestar seu nome ao álbum. Um hard rock clássico, empolgante, com o melhor solo de guitarra de todo o trabalho.

“Hot Time (In This City Tonight)” se localiza exatamente no meio do tracklist e é uma deliciosa viagem no tempo. Essa música tem um clima tão forte dos anos 1950, que não pareceria (muito) deslocada se encontrada em um álbum de Chuck Berry ou Jerry Lee Lewis, guardadas todas as devidas proporções. “Fight the Good Fight” é outro rockão de responsa, um dos destaques individuais do álbum. “Ordinary Man”, a música mais longa do álbum, dá uma pisada no freio e faz as vezes de balada do trabalho. Essa diminuição de ritmo continua em “Petite Etude”, instrumental que traz Rik, um violão e nada mais. Finalmente, “Say Goodbye” é o Triumph voltando ao hard rock com muita influência pop. Essa é uma daquelas faixas empolgantes, com um potencial comercial enorme.

“Allied Forces” tem todos os elementos que tornaram o hard rock dos anos 1980 um estilo musical tão reverenciado até os dias de hoje e é possível ver influências do Triumph em bandas da geração posterior, que dominaram a cena musical naquela década. A própria Trimph, infelizmente, sofreu com os famosos conflitos internos, que culminaram com a saída de Rik em 1988, para uma bem sucedida carreira solo (falamos do último álbum dele aqui). Sem ele, o Triumph ainda gravou “Edge of Excess”, com o guitarrista Phil “X” Xenedis (que, em 2016, substituiu Richie Sambora no Bon Jovi) assumindo as 6 cordas, enquanto que Gil se desobrou nas baquetas e nos vocais. Pouco depois disso, a banda acabou de vez, ainda que o trio original tenha se reunido em 2008 para alguns shows.

“Allied Forces” é recomendado para todo e qualquer apreciador de um hard rock com uma veia razoavelmente comercial (no bom sentido do termo), especialmente aquele público fã de bandas como Bon Jovi, GNR, Whitesnake e similares.

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