Olha mais uma colaboração do Rodrigo “Piolho” Monteiro para o Rock Master!
Acostumado a tocar em grandes casas de shows e mesmo estádios com sua banda principal, o Dream Theater, Jordan Rudess optou pelo oposto em sua turnê solo. “From Bach to Rock” dispensa grandes produções. É Jordan, seu piano e um outro instrumento em cima do palco. Devido a isso, a turnê foi alocada em lugares menores, geralmente teatros, onde Jordan pode emular a sensação de estar tocando piano em sua sala de estar, enquanto entretém seus convidados com suas anedotas.
E foi isso que o pianista fez em sua passagem por Belo Horizonte no último dia 09 de dezembro, em evento realizado no Centro Cultural Minas Tênis Clube. Um teatro com capacidade para 612 pessoas, ele recebeu um bom público se levarmos em conta todos os fatores. Afinal, Jordan Rudess não é um dos maiores nomes do piano mundial, se considerarmos um público que não está ligado nesse tipo de cenário musical e é certo que o grosso dos fãs de sua banda principal não é adepta a eventos desse tipo. O público presente, inclusive, era bastante heterogêneo, indo desde fãs de heavy metal a músicos e adeptos da música clássica.
Mais restrito ao teclado nos shows do Dream Theater, onde nem lhe dão um microfone (palavras do próprio), Jordan Rudess aproveitou a liberdade de seu show solo para transformar o evento em algo que eu, particularmente, não esperava. Na minha concepção, ele entraria no palco e se focaria em seu piano, interagindo com a platéia apenas em momentos específicos. O que ocorreu, no entanto, foi algo bem diferente. Podemos dizer que, ao longo das quase duas horas em que esteve no palco, Jordan ocupou os espaços entre suas histórias com música e não o contrário.
Depois de uma música introdutória, Jordan levou o público a uma jornada que começou em sua infância, passando por todas as diversas fases de sua vida, inclusive o futuro, já que tocou “Just for Today”, música que está presente no álbum solo que será lançado em abril de 2019. Essa foi uma das duas músicas nas quais Jordan cantou durante a noite. A outra delas foi uma versão em piano para “Space Oddity”, de David Bowie, músico com o qual trabalhou em 2002. Jordan foi o responsável pelos teclados no álbum “Heathen”, de Bowie.
No mais, o show foi dominado por versões para músicas de outros ou arranjos para piano para canções das bandas das quais Rudess fez parte, sem contar rearranjos para músicas do Dream Theater. Mesmo sendo sua banda principal, o Dream Theater apareceu aqui apenas com um medley de “Silent Man/Hollow Years/The Spirit Carries On” e “The Dance of Eternity”, que fecharia a primeira parte da apresentação. Entre uma e outra, ele ainda apresentou um instrumento no estilo touchscreen de sua empresa desenvolvedora de softwares, a Wizdom Music. Foi a única vez em que ele ficou de pé e fez algumas peripécias ao redor do instrumento, usando mesmo sua testa para produzir música.
No fim das contas, Jordan Rudess provou ser não apenas um excelente músico, algo que, quem acompanha sua carreira, já sabe ser uma de suas qualidades, mas, também, um showman competente e um bom contador de histórias. Ele proporcionou uma noite agradável para todos os que compareceram ao seu show e soube retribuir o carinho do público de acordo. Agora é esperar para que ele retorne ao Brasil em 2019 junto com os companheiros do Dream Theater, que sairá em turnê com dois motivos: comemorar os 20 anos de “Metropolis Part II: Scenes from a Memory”, primeiro álbum de Jordan com a banda e divulgar “Distance over Time”, novo trabalho do grupo, programado para fevereiro. Vamos aguardar.
O Rock Master agradece a colaboração de Carlos Lisboa, que nos proporcionou a chance de mais essa cobertura.