Resenha: “Servus” – Uganga

Olha mais uma colaboração do Rodrigo “Piolho” Monteiro para o Rock Master!

Eis que o Uganga, uma das mais importantes e, infelizmente, subestimadas, bandas do rock nacional chega ao seu quinto álbum de estúdio mostrando que Manu Joker (vocais) e seus companheiros (os guitarristas Thiago Soragi, Christian Franco e Murcego Gonzalez, o baixista Ras Franco e o baterista Marco Henriques) mereciam mais reconhecimento tanto de mídia quanto de público. O Uganga é um daqueles grupos que mantém uma constância de qualidade absurda, lançando um bom trabalho atrás do outro. “Servus”, ainda que um pouco mais experimental, é mais uma prova do talento do quinteto mineiro.

“Servus” já começa com o pé embaixo. Depois da introdução”Anno Domini”, a faixa título traz toda a mistura de thrash com hardcore já conhecida pelos fãs do Uganga e tem um refrão daqueles grudentos e bem bolados. Daí em diante, o Uganga investe naquela sonoridade que lhes conquistou respeito na cena do underground mineiro, com os vocais “nervosos” de Manu e as guitarras do trio Thiago-Christian-Murcego dando o tom.

O Uganga, no entanto, não fica preso às fórmulas antigas e alterna os ritmos mais pesados que lhe são característicos com passagens mais técnicas e lentas. O principal exemplo disso talvez seja “Dawn”, que é uma faixa lenta, curta e em inglês que serve de introdução para a experimental “Hienas”, na qual o thrash/hardcore da banda se mescla com um trecho de rap em espanhol, cortesia do cantor chileno Dr. Lexico. Outro exemplo desse experimentalismo é “E.L.A”, que beira ao regionalismo, já que traz alguns ritmos tipicamente nordestinos.

E a qualidade do álbum continua lá em cima mesmo quando o Uganga investe “apenas” no que sabe fazer de melhor. “Imerso”, por exemplo, traz a melhor introdução do álbum e um solo de guitarra muito bem encaixado. Coincidentemente ou não, é a faixa mais longa de “Servus”, passando dos 6 minutos de duração.

“Depois da Festa”, outro momento bastante influenciado pelo hip-hop, onde Manu divide seus vocais com Flaira Ferro fecha “Servus” em alto nível. É difícil que uma banda consiga manter um mesmo nível de (alta) qualidade em um álbum com treze faixas, mas é seguro dizer que o Uganga fez isso com louvor.

Com letras contestadoras e fortes, sonoridade madura e um trabalho excepcional como um todo, “Servus” é mais uma prova que o Uganga nos traz no sentido de que é, sim, possível fazer música pesada de qualidade em português.

“Servus” é altamente recomendado para todo fã de música heavy metal/hardcore de qualidade.

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