Olha mais uma colaboração do Rodrigo “Piolho” Monteiro para o Rock Master.
Já perdi a conta de quantos textos comecei com uma variação da frase a seguir, mas, vamos lá. Formada em Edinburgo, Escócia, em 1977, o Holocaust é mais um daqueles grupos que surgiu na onda da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM) e, apesar de não alcançar o status de bandas como o Iron Maiden ou o Saxon, possui uma carreira sólida e longa, ainda que se restrinja ao underground. Bandas como o Demon e o Desolation Angels, cujos trabalhos já foram tema de resenhas no Rock Master compartilham essa mesma característica. Surgiram na NWOBHM, alcançaram um certo sucesso, mas não romperam as barreiras do underground, ainda que, décadas depois, continuem fazendo música.
“The Nightcomers” é o primeiro esforço do então quinteto formado por Gary Lettice (vocal), John Mortimer e Ed Dudley (guitarras), Robin Begg (baixo) e Paul Collins (bateria). Lançado em 1981, ele foi remasterizado em 2003 e sua nova versão chegou ao Brasil em 2018 via Hellion Records com nada menos do que nove faixas bônus.
Em “The Nightcomers” o Holocaust não faz esforço algum para se distanciar do que seus conterrâneos apresentavam. O que temos aqui é um heavy rock “cru”, com influências de heavy metal, punk e, em alguns momentos, doom. Até mesmo as letras da banda seguem a mesma seara, versando sobre morte, vingança, amor e, claro, as alegrias do rock and roll e do heavy metal nas faixas “Smokin’ Valves” (que abre o álbum) e na nem um pouco sutil “Heavy Metal Mania“. Instrumentalmente, temos um bom trabalho das guitarras, com riffs e solos bem encaixados aqui e ali.
Em termos gerais, o primeiro trabalho do Holocaust é um esforço sólido e honesto, com uma produção que, se não é nada excepcional, não deixa nada a dever aos álbuns de NWOBHM da época. Todos os integrantes fazem seu papel com competência, nem abusando de qualquer virtuosismo, nem indo para o lado mais básico, quase preguiçoso, do punk. As faixas bônus incluem material presente nos singles “Heavy Metal Mania” (1980), “Smokin’ Valves” (1980) e “Coming Through” (1982).
“The Nightcomers” não é nada excepcional, mas, ainda assim, é um belo registro de uma das bandas que ajudaram a influenciar a cena do thrash metal e do glam rock que se desenvolveria especialmente nos Estados Unidos nos anos seguintes a seu lançamento. Vale a pena para aqueles fãs da NWOBHM.
P.S.: Ao contrário de muitas bandas surgidas durante a NWOBHM e que logo desapareceram, o Holocaust ainda está na ativa. Agora como um power trio formado por John Mortimer (vocais/guitarra), Mark McGrath (baixo) e Scott Wallace (bateria), seu último álbum, “Elder Gods” foi lançado este ano.
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