Resenha: “Wired for Madness” – Jordan Rudess

Para os fãs do rock progressivo, Jordan Rudess é um nome que dispensa apresentações. Membro do Dream Theater desde 1999, Jordan tem uma carreira bastante fértil não só com o quinteto americano, já que ele também investe constantemente em álbuns solo, como é o caso deste “Wired for Madness” lançado neste ano. A versão tupiniquim do 11º álbum do tecladista, que aqui também faz as vezes de vocalista e guitarrista, foi lançada pela Hellion Records.

A grosso modo, pode-se dizer que “Wired for Madness” se divide em dois momentos. O primeiro traz a longa faixa título que, dividida em duas partes, chega perto dos 35 minutos de duração. Ela é a música que mais apelará aos fãs do lado mais progressivo de Jordan, já que tanto a sua primeira parte, dividida em três seções, como a segunda, dividida em sete, é recheada de variações de tempo (algumas um tanto quanto estranhas, mas que se encaixam bem no contexto na qual se apresentam). As letras da música, que não cobrem, nem de longe, toda a sua duração, versam a respeito de um homem que decide digitalizar sua vida para torna-la melhor e mais longa. Para contar essa história, Jordan conta com a ajuda de dois dos membros do Dream Theater. James LaBrie colabora com vocais na última seção da segunda parte da música, “Infinite Overdose”, com o guitarrista John Petrucci trazendo um solo em outro momento de “Wired for Madness – part II”. A cantora Marjana Semkina e o próprio Jordan também fazem as vozes da canção.

Depois de tantas variações e longas passagens instrumentais, Jordan volta ao básico com a música que inaugura a segunda parte do álbum. “Off the Ground” é uma balada fortemente calcada no piano, que tem uma boa participação do guitarrista Guthrie Govan (Asia, Steven Wilson). A seguir vem duas músicas que voltam a investir no lado progressivo, com Jordan tirando uma quantidade absurda de sons diferentes de seu instrumento principal em “Drop Twist” e “Perpetual Shine”, ambas instrumentais.

Em “Just Can’t Win”, Jordan investe em uma mistura de blues com progressivo que funciona muito bem, com Rudess cantando como um típico bluesman, fazendo um trabalho bastante decente. O fato de ter contato com a participação de um dos maiores nomes do estilo na atualidade, o guitarrista Joe Bonamassa emprestando seu talento para a canção fez sua qualidade aumentar ainda mais. Não é uma obra prima do blues, nem de longe, mas é bom ver Rudess explorando outras vertentes fora de sua zona de conforto.

Just fot Today” é outra balada dominada pelo piano, a exemplo de “Off the Ground”, ainda que as letras sejam mais sóbrias e tratem de uma relação que acabou e venha recheada de referências sobre como devemos nos aproveitar do momento atual aqui e ali.

O progressivo, com algumas pitadas do típico jazz brasileiro, volta em “Why I Dream”, onde Jordan chega mesmo a fazer um duelo teclado versus guitarra, com Vinnie Moore (UFO) ficando responsável pelas seis cordas. Os vocais aqui, bem tradicionais, ficam a cargo de Jordan novamente e ele faz um trabalho decente, ainda que nada excepcional.

Recheado de variações, especialmente no que chamamos aqui de segunda parte do álbum e contando ainda com as colaborações de Rod Morgenstein (Dixie Dregs, Winger), Marco Minnemann (Paul Gilbert. Steven Wilson) e Elijah Wood (Shania Twain) se revezando nas baquetas, “Wired for Madness” é, talvez, o trabalho solo mais diverso da carreira de Jordan Rudess e uma oportunidade de ver o tecladista se aventurando – com bons resultados – em estilos musicais diferentes daquele no qual se consagrou.

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