Resenha: Into the Strange – Mutilator

O Mutilator é parte da primeira leva de grandes bandas do metal extremo que surgiu em Belo Horizonte nos anos 1980. Sua primeira formação data de 1985 e, no ano seguinte, ela fez parte do histórico splitWarfare noise“, ao lado de Sarcófago, Chackal e Holocausto, lançado pela Cogumelo Records. Aqueles foram anos agitados para a banda que, logo em 1987, lançou seu álbum de estreia “Immortal force”. Com um orçamento restrito e recursos técnicos longe do ideal, a banda compensou em energia, garra e qualidade, tornando-se um dos nomes promissores em uma cena recheada deles.

A boa repercussão do álbum infelizmente não fez com que o Mutilator superasse a praga que afeta boa parte das bandas de metal – ainda mais do cenário mais extremo – que é a troca de integrantes em sua formação. Em 1988, apenas um ano após sua estreia, o Mutilator teve que substituir o baixista Ricardo Neves e seu irmão Rodrigo, responsável pelas baquetas. Da formação original restaram apenas o guitarrista Alexander “Magoo”, que decidiu acumular a função de vocalista e Kléber, agora cuidando apenas do baixo. Com a adição de C.M. Scarpelini nas guitarras e Armando na bateria, 1988 viu o lançamento do segundo – e, até o momento, derradeiro – álbum do Mutilator, “Into the strange“, que foi relançado no ano passado pela Cogumelo como parte de sua iniciativa de recuperar material de seu catálogo que marcou época no cenário musical de Minas Gerais (e, sejamos sinceros, do Brasil como um todo).

Diferente de “Immortal force”, aqui a produção é melhor, com um som mais limpo do que no álbum anterior.  Além disso, a banda mostra mais maturidade, com músicas mais bem estruturadas e construídas, com Magoo e C.M. mostrando ao que vieram, arrebentando tanto nos riffs quanto nos solos.  Com “Into the strange”, o Mutilator se distancia um pouco de sua estreia, mas sem deixar de produzir aquele thrash metal raivoso tipicamente mineiro que chamou a atenção do mundo para a cena musical local nos anos 1980.

Há alguns destaques individuais no álbum e “Vanishing in the haze”, “Fighting the past”, “Raise the strange” e “Five minutes behind the walls” são boas demonstrações da linha que o Mutilator seguiu aqui, com riffs e solos com uma qualidade rara dentro do mundo do thrash.

Apesar de ter alienado alguns fãs, que esperavam que o Mutilator repetisse a fórmula de “Immortal force”, “Into the strange” mostra uma evolução no som da banda, que manteve sua agressividade característica, mas adicionou elementos técnicos que trouxeram mais qualidade para a sua música. É daqueles álbuns que todo fã do thrash metal consagrado nas Minas Gerais dos anos 1980 não pode deixar de ter em seu acervo.

Pouco depois de “Into te strange” o Mutilator se separou. Trinta anos depois, em 2018, os irmãos Neves reformularam a banda e voltaram à atividade. O Rock Master fez um programa especial com eles, que pode ser conferido aqui.

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