Oriunda de Itu (São Paulo) o Brave – banda formada por Sidney Milano (vocal),Carlos Bertolazi (guitarra),Ricardo Carbonero (baixo) e Carlos Alexgrave (bateria) – lançou, em plena pandemia, seu novo álbum, “The Oracle”. Sucessor de “The last battle” (2012) e de “Kill the bastard” (2016), esse petardo representa mais um bom trabalho na carreira do grupo, que passa das duas décadas.
Um dos subgêneros mais saturados do heavy metal é o power metal. Há um número incontável de bandas que optam por essa sonoridade ao redor do mundo, o que torna difícil se destacar no meio. Ciente disso, mas decididos a manter o legado de bandas como Manowar e, principalmente, Grave Digger, o Brave trouxe um pequeno, mas importante, ingrediente à fórmula: o peso. Não que o power metal não seja pesado (essa é uma de suas características). O que o Brave fez foi adicionar mais peso à ele, mas de uma forma equilibrada, nunca quebrando a fronteira que separa o power de subgêneros ainda mais rápidos, como o thrash ou o death.
Mesmo optando pelo que eles mesmos chamam de brutal power metal, o Brave não foge à fórmula criada e consagrada por bandas alemãs dos anos 1980. “The oracle” é um álbum redondinho, pesado e totalmente voltado para as guitarras de Carlos e os vocais de Sidney que, em muitos momentos, lembra muito Chris Boltendahl, da citada Grave Digger. Quando ouvi o álbum da primeira vez, até pensei que o vocalista alemão tinha feito alguma participação especial no álbum, tamanha a semelhança de seu timbre vocal com o de Sidney.
Estruturalmente, “The oracle” também segue a fórmula do power metal, começando com uma intro instrumental, chamada justamente “Intro”, antes de mostrar ao que veio com “Firestorm”. Daí em diante, o Brave investe em temas caros aos fãs do power metal em letras de músicas como “The oracle”, “We fight for Odin” e “Valhalla”.
Outra característica cara ao power metal, além de um trabalho consistente nas guitarras – algo que Carlos faz com louvor – são as letras com refrãos “grudentos”, daqueles que você escuta uma, duas vezes e não tira mais da cabeça. “We fight for Odin”, “Valhalla” e “Wake the fury” são músicas onde essa característica se destaca. Aliás, “Wake the fury” é uma daquelas músicas típicas onde é bastante difícil não ceder à tentação de prejudicar o pescoço em uma bela sessão de headbanging.
Além das cinco faixas acima citadas, “The oracle” ainda conta com “Fall to the empire” e “We burn the heart”, uma música onde o Brave tira totalmente o pé do acelerador e fecha um trabalho cujo único defeito (por falta de uma palavra melhor) é a duração. “The oracle” é um álbum curto se comparado com a maioria dos trabalhos de power metal que circulam por aí. Por outro lado, isso pode ser uma boa, já que a banda vem, dá o seu recado e deixa aquele gosto de “quero mais” nos ouvintes.
Resumindo, “The oracle” é um excelente registro do Brave que mostra, mais uma vez, a força que o heavy metal ainda tem no Brasil, especialmente no interior do país. Extremamente recomendado para fãs de Grave Digger e similares.
Agradecimentos: Anti Posers Records & Som do Darma
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