Resenha: The first and the last – Witchhammer

Formada em 1986 em Belo Horizonte e ainda gozando de bastante reconhecimento no underground da capital mineira, o Witchhammer faz parte da primeira onda das bandas locais a revolucionar a música extrema no país. A banda teve seus primeiros registros na coletânea “Warfare noises II”, do ano seguinte e, em 1988, fez uma estreia apropriada com este “The first and the last“. Lançado pela Cogumelo Records, o álbum  que marcou a estreia de um dos grandes nomes do thrash metal mineiro foi regravado em seu aniversário de 30 anos. Ambas as versões se encontram neste relançamento especial.

“The first and the last” começa com a divertida “Medicine blues”, uma música que, como diz o título, tem uma levada bem pegada para o blues e pode enganar o ouvinte mais desavisado. Essa impressão enganosa, no entanto, é logo dissipada com a faixa seguinte, “The first”, onde o Witchhammer mete o pé no acelerador e apresenta um thrash metal bastante competente, com uma bela dose de energia, riffs bem colocados e todas as características que marcaram o som pesado feito em Belo Horizonte nos anos 1980.

Essa pancadaria que, se não mostra virtuose, apresenta bastante energia, continua em “Misery’s genocide”, onde a dose de porradaria aumenta e “Who is fat?”. “Harmony or violence” dá uma recuada, em uma faixa mais compassada e com ideias interessantes. Pode-se dizer que ela foi usada para pegar impulso, porque a o peso retorna em “Words of desolation” e se mantém assim em “Dartherium” e “… And the last”, que fecha os trabalhos da gravação original de 1988, que contava com Paulo Caetano (vocal, guitarra), Casito (vocal, baixo), Leandro Miranda (guitarra) e Teddy (bateria).

A regravação de 2018 segue a mesma estrutura e, fora uma mudança no começo de “Medicine blues” e de formação – com Rogerinho substituindo Leandro – a nova versão de  “The first and the last” é quase uma cópia fidedigna da primeira. Existem, claros, aspectos dissonantes e isso foi abordado por Paulo Caetano recentemente: “(…) comparando as duas versões, é possível destacar dois aspectos com os quais convivemos de forma bem humorada. Na primeira gravação, quando estávamos no auge da energia, disposição, loucura, intuição, criação, tivemos que trabalhar em um ambiente muito sério e limitante, pois tínhamos que nos comportar de forma muito moderada no estúdio. Não era um lugar que nos deixava à vontade, considerando a nossa idade e o momento que estávamos curtindo. Na regravação, já com a mágica da intuição um pouco reprimida pela razão, a energia tendo que ser dissipada em várias outras frentes, e a loucura já desacelerada, tínhamos todas as condições ambientais e o tempo do qual não dispúnhamos na outra ocasião. Tínhamos toda a liberdade do mundo para fazer o que quiséssemos, ainda que estivéssemos tratando de uma regravação. Mas aí, ironicamente, a nossa luta era, praticamente, recuperar aquele espírito da primeira gravação, kkkkkk!!! Mas a vida é assim mesmo…”

Mais um lançamento caprichado da Cogumelo, que fez um bom trabalho na embalagem slipcase e no encarte, “The first and the last” é peça indispensável na coleção de qualquer headbanger fã do metal dos anos 1980 produzido em Minas Gerais.

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