Resenha: Hate – Sarcófago

Em 1994 o Sarcófago lançou seu penúltimo álbum. Intitulado “Hate”, o petardo trazia Wagner “Antichrist” Lamounier  no vocal e guitarra, Gerald “Incubus” Minelli no baixo e backing vocals e a bateria mecânica programada por D.Z., que causaria certa controvérsia na época. Apesar disso, esse recurso seria novamente usado no álbum seguinte – e derradeiro – da carreira da banda, “The Worst“.

Recentemente, nossos parceiros da Cogumelo Records relançaram todo o catálogo do Sarcófago em formato especial. Todos os álbuns trazem embalagem slipcase e pôster, num trabalho bem caprichado da gravadora belorizontina.

Falando do álbum em si, “Hate” faz jus ao seu nome. É um trabalho carregado de ódio, que se pode notar principalmente nos vocais de Wagner – aqui mais voltados para o death metal – e nas letras. Se antes o Sarcófago ia muito para o lado do satanismo, aqui as temáticas são mais “pé no chão”, por falta de um termo melhor. Fúria, descrença na humanidade, falta de religião, guerra, doenças e sexo violento são a base de praticamente todas as dez faixas do álbum, exceções feitas à intro “Intro/Song for my Death” e “The Beggar’s Uprising”, que funciona como uma outro e fecha os trabalhos.

Entre esses dois extremos, o que se vê é uma pura demonstração de ódio extremo, seja nas músicas mais rápidas como “Satanic Terrorism”, “Pact of Cum”, “Hate”, “Rabdhovirus (the Pitbull’s Curse), onde se justifica o uso da bateria mecanizada – poucos bateristas conseguiriam tocar essas músicas ao vivo – seja nas mais cadenciadas como “Orgy of Flies”, “Anal Vomit” e “The Phantom”.

“Hate” é, sem sombras de dúvidas, um dos pontos altos da carreira do Sarcófago. É uma pena que o cenário musical da década de 1990 tenha colaborado para que a banda encerrasse as atividades pouco após o lançamento de “The Worst” em 1996. Fico imaginando o que Walter e seus asseclas estariam aprontando nos dias de hoje, tivessem continuado a carreira.

P.S.: Quando digo que “The Worst” foi o último trabalho do Sarcófago, me refiro a álbuns completos. É importante deixar isso claro, pois em 2000 a dupla lançou o EP “Crust”, que foi incluído na reedição de “The Worst” pela Cogumelo cuja resenha publicamos aqui recentemente. Antes disso, “Crust” foi lançado em LP e cassete somente pela gravadora americana Greyhaze em 2019.

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