Resenha: “Aeon Zero” – The Ogre

Uma coisa que sempre me chamou a atenção na música extrema da Escandinávia é o número de projetos onde há apenas uma ou, no máximo, duas pessoas. Esse foi um dos motivos que despertaram meu interesse pelo The Ogre, projeto do multi-instrumentista Diogo Marins, que chegou ao seu quarto registro em 2022.

“Aeon Zero” é um álbum muito legal, que mostra bastante as influências de Diogo e se apresenta como um trabalho bastante diverso. Apesar da prevalência do heavy metal tradicional, ainda que com um quê de mais peso, Diogo transita muito bem pelo thrash, pelo death, pelo black e mesmo pelo progressivo e – pasmem! – pela música pop, ainda que ela aqui se apresente muito rapidamente e de maneira muito bem encaixada.

Diferente da maioria das bandas atuais, onde os trabalhos são invariavelmente abertos com uma intro, em “Aeon Zero” isso não acontece. “We Ride with Demons” mostra ao ouvinte o que esperar do trabalho de Diogo. Temos aqui um heavy metal beirando trash, com vocais limpos gritados alternando-se com guturais e um instrumental pesado, muito bom, com destaque para o riff de guitarra. A ela se segue “Polybius”, praticamente uma vinheta que até poderia ter feito o papel de intro do álbum. Colocada onde está, no entanto, ela funciona melhor.

“Crawling Chaos Underground” vem a seguir. Seguida por “The Horrible”, ela segue mais ou menos a mesma fórmula (por falta de um termo melhor) da faixa de abertura. “The Horrible”, no entanto, se destaca pelo belo trabalho de bateria old school metal realizado por Diogo.

Lembra que eu falei que The Ogre flertou um pouco com o pop nesse novo álbum? Pois é, a prova disso aparece na introdução de “Datadeity”, que logo deságua em guitarras pesadas e um instrumental mais previsível dentro do que fora ouvido até agora. Faixa mais longa de “Aeon Zero”, é a que mostra mais mudanças de ritmo dentro do álbum.

Se “The Horrible” traz o melhor trabalho de bateria de “Aeon Zero”, em “Forgotten Mills” ela concorre com a guitarra e podemos dizer que há um empate técnico. Os dois instrumentos não soam melhor em nenhum outro momento do álbum.

A reta final de “Aeon Zero” tem cadenciada e atmosférica “Neon Sun” e a pesada e elaborada “The Mountain of the Cannibal God”, um dos destaques individuais de “Aeon Zero”.

Para quem não conhecia o trabalho de Diogo e seu The Ogre, esse “Aeon Zero” é um belo cartão de visitas e um álbum que tem tudo para agradar fãs da música extrema ainda que, aqui, ela se apresente menos extrema do que pesada.

“Aeon Zero” está disponível tanto em formato físico quanto nas plataformas de streaming. Vale conferir.

Agradecimentos: Susi dos Santos (Som do Darma)

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