L7 relembra carreira em bom show

A L7 foi fundada em 1985 em Los Angeles. O quarteto que faz um som que mistura hard rock, grunge e punk alcançou notoriedade no começo dos anos 1990 com o lançamento de seu terceiro álbum “Bricks Are Heavy” em 1992. Depois de uma boa carreira até 2001, as garotas se separaram, apenas para se reunirem em 2014 e seguirem de onde pararam. Em 2019, lançaram o primeiro álbum desde 1999, “Scatter the rats” e voltaram à estrada.

A atual turnê, no entanto, não é baseada em seu último álbum e sim uma celebração de toda a sua carreira. O show em Belo Horizonte, ocorrido no dia 27 de outubro no Mister Rock foi uma boa demonstração de que o quarteto formado por Donita Sparks (vocal, guitarras), Suzi Gardner (vocal/guitarras), Jennifer Finch (baixo/vocais) e Demetra Plakas (bateria), ainda pode trazer bastante relevância para o meio. Mas vamos por partes.

O evento foi aberto pelo Tantum, banda local formada em 2019 e que conta com Chervona (vocais, teclados e flauta transversal), Laer Aliv (baixo), João Brumano (guitarra) e Pedro Cindio (bateria). Com uma sonoridade bem calcada no rock clássico, turbinado por influências de heavy metal e doom, a banda investe também no shock rock popularizado por Alice Cooper, ainda que isso se restrinja à teatralidade de suas performances e não em suas letras. Se apresentando para um público que ainda chegava à casa de shows, a banda foi bem recebida e, mesmo com um set curto, conseguiu transmitir sua mensagem.

A Dirty Grave veio a seguir. O trio paulista formado por Melissa Rainbow (vocal/baixo), Pedro Barros (guitarra) e Henrique Lima (bateria) faz um som mais pesado do que o do Tantum, pesando para o lado do heavy rock, ainda que suas letras bebam bastante da fonte do doom metal. Bandas com três membros geralmente são chamadas power trio e a Dirty Grave faz jus à alcunha. A banda tem bastante energia e, mesmo tendo seu setlist encurtado de seis para quatro músicas, fez um show cheio de energia e fúria, com destaque para a vocalista Melissa, que tem boa presença de palco e uma bela performance vocal.

Com um relativo atraso, a atração principal entrou no palco e fez um show para uma casa relativamente cheia, ainda que não lotada, para uma platéia empolgada. A L7 é uma banda com uma atitude relativamente punk, ainda que sua sonoridade não reflita isso. “Deathwish” abriu o setlist e as garotas não gastaram muito de seu tempo interagindo com o público, exceto em momentos pontuais, para anunciar uma canção, agradecer a presença do público, colocar fogo nele ou fazer uma brincadeira aqui e ali – como “reclamar” do fato da música “Wargasm” não sair de moda.

Apesar dessa aparente falta de interação com o público, a banda tem uma bela presença de palco, com destaque especial para a baixista Jennifer que demonstra o tempo todo a felicidade de estar ali, fazendo o que gosta. Donitta também agita bastante, mas nada perto de Jeniffer, enquanto que Suzi é um pouco mais discreta. Mas só um pouco. A guitarrista, inclusive, parece ter enfrentado alguns problemas técnicos com seu instrumento, mas nada que comprometesse sua performance ou a da banda como um todo.

Com um show recheado de músicas que marcaram a carreira da banda, tais quais “Scrap”, “Shove”, “Humans”, “Bad Things” e seu maior sucesso “Pretend We’re Dead”, a primeira parte do show terminou com “Shitlist”. Como sempre acontece, poucos minutos depois a banda voltou para mais duas, “American Society” e “Fast and Frightening”. Em uma atitude tipicamente punk, ao final desta, as garotas simplesmente deixaram o palco, sem muitas despedidas nem “enrolação”. Algo esperado, já que o público presente parece ter recebido essa atitude de maneira positiva e ter se sentido satisfeito com a apresentação como um todo.

Agradecimentos: Lucélio Henrique e Mister Rock.

Confira abaixo uma galeria do show, com fotos de Alexandre Guzanshe.

Tantum

Dirty Grave


L7

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