Resenha: “Isle of Wisdom” – Hällas

Revisitar o passado, principalmente quando se trata do mundo musical, nem sempre funciona direito. Afinal de contas, muitas vezes, a sonoridade de uma década em particular é característica dela e só funciona dentro de seu contexto. Peguemos a discoteca por exemplo: dificilmente as músicas dançantes da década de 1970 fariam sucesso hoje, mais de 50 anos depois, salvo junto a saudosistas ou pequenos grupos de jovens que sonham em viver no que consideram uma época mais simples.

Existem exceções à regra, claro. A maior parte delas se encontra junto a músicos de bandas de rock and roll que sabem o que fazem. Assim como seus conterrâneos do Night, os suecos do Hällas estão nesse seleto grupo de músicos que conseguem retomar uma sonoridade supostamente datada – no caso, o prog rock característico dos anos 1970 – e trazê-la para a nova década carregada de qualidade sonora.

Formada em Jönköping em 2011, o Hällas atualmente conta com Tommy Alexandersson (vocais, baixo), Rickard Swahn e Marcus Petersson (guitarra), Nicklas Malmqvist (teclado, sintetizador) e Kasper Eriksson (bateria, percussão) e tem três álbuns em sua discografia: “Excerpts from a Future Past” (2017), “Conundrum” (2020) e o objeto deste texto, o mais recente trabalho do quinteto, “Isle of Wisdom” (2022). Em “Isle of Wisdom” a banda tinha uma diferença na formação, já que uma das guitarras era responsabilidade de Alexander Moraitis.

Se a ideia do Hällas era fazer um som puramente psicodélico/progressivo característico dos anos 1970, em “Isle of Wisdom” eles alcançaram esse feito com perfeição, tanto na composição de suas músicas, que tem aquele clima bem “viajado” típico do prog rock, quanto na produção do álbum como um todo, que é bem amarradinha e, descontando a qualidade dos equipamentos atuais, parece mesmo ser um produto daquela época. Desde os primeiros acordes de “Birth/Into Darkness” é possível perceber isso. Riffs e solos de guitarra bem colocados, leads rítmicos, um baixo e uma bateria marcantes e teclados que se impõem a quase tudo, criando os climas psicodélicos necessários para que músicas como “Advent of Dawn”, “Elusion’s Gate“, “Galivants (of Space)” e a jóia na coroa de “Isle of Wisdom”, “The Wind Carries the World”, se destaquem estão presentes aqui. Isso sem deixar de destacar o vocal meio arrastado e às vezes até mesmo arranhado, mas sempre adequado para o clima da música, de Tommy. Tudo isso faz com que o trabalho do Hällas em “Isle of Wisdom” mereça não só elogios, como a atenção de qualquer fã de bandas como Yes, Camel, Genesis ou Nektar, só para citar algumas das maiores do gênero. Quer viajar para os anos 1970? Coloque Hällas para tocar, feche os olhos e estará lá.

Tanto “Isle of Wisdom” quanto os trabalhos anteriores do Hällas chegaram ao Brasil através da nossa parceira Hellion Records.

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