“Gothic”, do Paradise Lost, resiste ao tempo

Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo ‘Piolho’ Monteiro para o Rock Master!

É meio que uma regra na música que, por melhor que seja o álbum de estreia de uma banda, é o segundo que dirá a que ela veio. Uma banda que faz um segundo álbum superior ao primeiro tem tudo para perseverar no cenário. “Gothic”, segundo álbum do Paradise Lost é uma prova de que esse regra, no geral, é válida.

Depois de um álbum de estréia (“Lost Paradise”, de 1990) direcionado mais para o doom/death metal, o quinteto inglês entrou em estúdio no ano seguinte disposto a expandir seus horizontes. Como resultado, a banda formada por Nick Holmes (vocais), Gregor Mackintosh e Aaron Aedy (guitarras), Stephen Edmondson (baixo) e Matthew Archer (bateria) entregou um de seus melhores álbuns e um trabalho que ajudou a moldar o gothic metal dos anos 1990 em diante.

“Gothic” foi lançado em 1991 e merece ser analisado dentro do contexto no qual se encontra. O ouvinte contemporâneo pode até não ver nada de revolucionário nele, mas o fato foi que com “Gothic”, o Paradise Lost praticamente inaugurou um novo estilo musical, calcado em letras sombrias, falta de esperança e um instrumental ora sombrio, ora mais rápido e pesado, mas sempre harmonizado, e um vocal ora gutural, ora gritado, cheio de sentimento. Há, ainda, passagens orquestradas e mesmo a participação da cantora Sarah Marrion, contrastando sua voz suave com os grunhidos de Nick. Esse contraste de vocal lírico x gutural (apelidado no meio como “a bela e a fera”) é algo que bandas surgidas na esteira do Paradise Lost, como Theater of Tragedy, Trail of Tears, After Forever, Epica e mesmo Nightwish, dentre muitas outras, usariam e abusariam bastante nos anos seguintes.

Apesar de uma produção que poderia ter sido um pouco mais polida, mesmo com a banda tendo apenas duas semanas para gravar o álbum, “Gothic” é um dos melhores álbuns do estilo já lançados. Músicas como a que dá título ao álbum, “Shattered”, “Eternal”, “Falling Forever” e “Angel Tears” são alguns dos destaques do trabalho, ainda que não haja nenhuma música fraca aqui, daquelas que geralmente pulamos porque ela não está à altura das demais.

Essa reedição de “Gothic” traz duas faixas bônus: “Rotting Mysery” e “Breeding Fear”, ambas em novas mixagens. Além disso, essa nova versão do álbum, lançada por aqui pela Hellion Records, traz um DVD que mostra um show da banda gravado durante a turnê de divulgação de “Gothic”.

Se você é fã de Paradise Lost ou só de gothic rock/metal em geral, “Gothic” é um álbum divisor de águas no estilo e merece um lugar de destaque em sua coleção.

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