Resenha: “Adagio” – Solitude Aeturnus

Olha aí mais uma colaboração do Rodrigo “Piolho” Monteiro para o Rock Master!

Os anos 1980 foram bastante férteis para o surgimento de vários subgêneros de heavy metal. Nos Estados Unidos, um dos mais populares foi o doom metal, que produziu bandas como St. Vitus, Trouble e a texana Solitude Aeturnus, cuja pérola na discografia, o álbum “Adagio” foi relançado por aqui no começo desse ano pela Hellion Records. Antes de entrar na resenha por si, como sempre, vamos a um pouco de contexto.

A Solitude Aeturnus foi formada em 1987 pelo guitarrista John Perez, que recrutou para sua banda o vocalista Kris Gabehardt, o guitarrista Tom Martinez, o baixista Chris Hardin e o baterista Brad Kane. Desta formação, apenas John Perez restava quando a banda entrou em estúdio para gravar seu primeiro álbum, o seminal “Into the Depths of Sorrow“, em 1991. Como acontece em praticamente todas as bandas que se dedicam a estilos musicais não muito populares, mudanças de formação era algo bastante comum na Solitude Aeturnus e isso continuou ocorrendo nos anos seguintes, na medida em que o grupo soltava no mercado seus álbuns seguintes: “Beyond the Crimson Horizon” (1992), “Through the Darkest Hour” (1994) e “Downfall” (1996). Quando da gravação de “Adagio“, a formação da banda contava com Robert Lowe nos vocais, Perez e Edgar Rivera nas guitarras, Steve Moseley no baixo e John Covington na bateria.

Lançado em 1998, “Adagio” logo ganhou uma posição de destaque dentro do cenário do doom metal. Maciçamente calcado na sonoridade dos anos 1980, “Adagio” tem tudo o que apreciadores do gênero apreciam. Lá está o ritmo cadenciado, quase arrastado, com alguns momentos de peso aqui e ali; guitarras que “gritam” em momentos bem encaixados; a atmosfera sombria permanente em todas as músicas e o vocal etéreo de Rob (que, entre 2007 e 2012 também prestou serviços para um dos maiores nomes do gênero, o Candlemass).

Um dos melhores exemplos de todas as qualidades presentes de “Adagio” já aparece de cara com a música de abertura “Days of Prayer“, que segue “My Endtime“, uma introdução tão curta que nem merece menção. De cara temos um bom riff de guitarra apoiado por uma bateria pesada e marcante e os vocais de Lowe.

Daí em diante, a coisa não tem muita variação, e aqui isso é bom. Em seu quinto álbum, o Solitute Aeturnus já havia amadurecido sua sonoridade o suficiente para evitar experimentalismos. O que se tem aqui é o puro doom metal com todas as suas qualidades e defeitos – como o fato de algumas faixas às vezes parecerem muito similares a outras. Todo o álbum tem aquela atmosfera old school e depressiva que são indeléveis ao gênero. Músicas como “Believe“, “Idis” e a longa “Spiral Descent” são algumas das melhores amostras do trabalho geral que a banda faz aqui.

Além das doze faixas originais, “Adagio” traz ainda uma versão do Solitude Aeturnus para a clássica “Heaven and Hell“, do Black Sabbath que, se não chega perto da original – já que estamos falando do Black Sabbath com Ronnie James Dio nos vocais – é uma rendição muito legal e uma bela homenagem para essa música.

Assim como o primeiro álbum do Trouble, “Adagio” é um grande marco do doom metal. Recomendado para todos aqueles que são fãs do estilo.

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