Resenha: Malum Absolutum – Murder Rape

Um dos primeiros nomes do black metal brasileiro, o Murder Rape foi formada em Curitiba no começo dos anos 1990, trazendo consigo uma forte influência da escola norueguesa do gênero. A estreia oficial da banda se deu com uma fita cassete, “In Liaison with Satan”. A ele se seguiram dois álbuns nos anos 1990, um na primeira década do século XXI, mais um em 2013 e, depois de sete anos, o quinteto liderado pelo baixista Agathodemon e que conta com o vocalista Sadistic Punisher, os guitarristas Maleventum e Bloodshed e o baterista Warhate Sower estão de volta com “Malum Absolutum“, cortesia dos nossos parceiros da Cogumelo Records.

À exceção da produção e de algumas características pontuais, tudo em “Malum Absolutum” remete ao black metal do início dos anos 1990 – e falando a verdade, também à maioria das bandas do estilo surgidas recentemente, já que uma das características principais do black metal é se manter fiel à suas raízes. Visualmente, estão lá o corpse paint, as roupas cheias de pregos, o crucifixo de cabeça para baixo, o título em latim, os integrantes usando nomes artísticos que soam maléficos, as composições longas…. Ou seja, tudo bem final dos anos 1980/início dos 1990.

Essa reverência aos pioneiros do estilo (Mayhem, Emperor, Burzum) se estende às letras, que prestam homenagem ao capiroto, pregam contra a religião, em especial o cristianismo, e por aí vai. Musicalmente, o Murder Rape também se espelha na escola clássica do black metal. Os vocais vão do sorumbático, sinistro e arrastado aos gritos típicos do estilo; as guitarras são rápidas, mais calcadas em riffs do que em solos e a cozinha segura bem a onda. O uso de sintetizadores é moderado e bem encaixado, criando a atmosfera que os fãs desse estilo musical tanto prezam.

O álbum como um todo é bastante equilibrado, alternando trechos mais pesados e rápidos com aquele mais lentos. Isso traz uma uniformidade tão grande que algumas vezes, especialmente na primeira metade do álbum, algumas faixas parecem se mesclar umas com as outras. Isso pode ser considerado tanto uma qualidade quanto um defeito, dependendo do ouvinte. Acredito que fãs de black metal em geral não se incomodarão com isso.

Mesmo com toda essa homogeneidade, algumas músicas se destacam. Na primeira parte do álbum, esse papel cabe à “Majestic Funeral”, enquanto que “R.L.M.R. (Blood Stained Nights)”, “Goat Rules” e “For Evil I Spill My Blood” elevam o nível antes do Murder Rape fechar os trabalhos com um versão muito boa para “The Return of Darkness and Evil” do Bathory e a curtinha e instrumental “Sumus Flammae Inferni”.

E não há muito mais o que dizer. Depois de sete anos, o Murder Rape reaparece trazendo um álbum muito bem produzido e bastante fiel ao estilo que a banda sempre seguiu. E comprova que a posição que ostenta dentre as principais bandas de black metal brazuca – se não a principal – é merecida.

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