Conheça mais do rock australiano, em um bate-papo com o guitarrista Dave Talon

A Austrália sempre foi conhecida como um berço de boas bandas. De lá saíram, por exemplo, Men at Work, AC/DC, INXS e Midnihht Oil, por exemplo, entre várias outras. E mais uma banda originada no país já ‘faz barulho’ no mercado musical: a Rollerball. O grupo é formado por Matt “Tenpin” Boland (vocal), Dave Talon (guitarra), Stew “Boots” Maclennan (baixo) e Cam “Cracker” Roach (bateria).

O guitarrista Dave Talon bateu um papo com Ivan Gonçalves, vocalista da banda Casa das Máquinas, que presentou o Rock Master com a conversa!

Ivan:
Como vocês estão vivendo durante esta pandemia?

Dave:
Bem, Ivan, estou morando na Suíça, onde as coisas estão sempre bem organizadas e o sistema médico é muito caro, mas funciona bem em um padrão muito alto. Passei muitas semanas em bloqueio como todo mundo, mas comparado a outros, não tenho nada do que reclamar.

Conheci seu trabalho com a Rollerball, mas você tem outros projetos, como Marlboro Man e Poor Little Things, conte-me sobre sua carreira como músico! Como esses projetos surgiram?

Rollerball foi a união de duas bandas (Load e Vanguard) da Gold Coast de Queensland, na Austrália, no final dos anos 1990. Eu estava muito interessado em formar um power trio no estilo metal dos anos 70, com um homem de frente, baseado nos sons de Black Sabbath, Deep Purple e Judas Priest. Assim que começou a funcionar, a influência do hard rock australiano também começou a aparecer. Escrevi a maioria das músicas com o vocalista Matt “Tenpin” Boland. Ele foi influenciado pelo grunge do início dos anos 90 e eu tive meu lance de metal britânico / hard rock australiano dos anos 70.

A combinação de tudo isso virou o som da Rollerball. A banda fez uma turnê pela Austrália por 10 anos e, depois de uma pausa de 10 anos. Fizemos uma turnê de reunião em outubro passado. Foi muito divertido!

The Marlboro Men começou comigo, tocando com os Marlboro Brothers. Fizemos um pequeno e simples disco, um álbum instrumental de garagem pesada. Isso foi em 2012. Em março de 2020 lançamos um segundo.

Desta vez éramos apenas eu e Fernando Marlboro. Eu, basicamente, fiz com que ele tocasse um monte de músicas que eu tinha escrito um mês antes e aí está … Puramente por diversão. Esses dois álbuns instrumentais me surpreenderam, e ultimamente estão vendendo muito bem digitalmente. Tanto que um lançamento duplo em vinil dos dois álbuns estará disponível em algumas semanas em nossa loja Bandcamp.

Poor Little Things também é um projeto de estúdio que criei com minha esposa, tina Jackson. O conceito é ‘quando o rock era pop’. Prestando homenagem a uma era em que uma estação de rádio comercial tocava músicas baseadas em violões que você também ouvia na discoteca do colégio e nas ilhas do supermercado. Sem grandes mensagens, nada de político ou profundo, apenas o rock pelo bem do rock. Lançamos um EP homônimo (que também está disponível em vinil pelo selo australiano Volcano Vinyl) e um álbum completo, ‘Disco’s Burning’.

Ficamos muito felizes com o feedback que recebemos de ambos os lançamentos. Houve muito airplay. Mike Rogers, no Japão, o lendário Rodney Bingenheimer, em Los Angeles, Motard FM, em Portugal, e the Glam rock Junk Shop são alguns destaques.

No momento, estamos trabalhando em outro álbum a ser lançado no final deste ano. Também passei alguns anos na banda australiana de Hard Rock Kings of the Sun e toquei no álbum Rock Til Ya Die.

Passei 2018 na banda suíça Captain Control, em turnê pela Europa. Toquei no álbum Be Prepared. Tenho um álbum solo intitulado Butch It Up, lançado em 2015.

Dave, percebo que os projetos têm características musicais muito diferentes. Como funciona o processo de composição desses projetos?

Sou apenas um fã de rock em geral. Sempre estive aberto para tocar em qualquer tipo de banda de rock, desde que eu curtisse. Nunca fui um grande ‘jammer’. Gosto de me reunir com músicos com um plano e ensaiar ideias sólidas.

Trabalho nas músicas sozinho enquanto assisto TV ou ando na rua. Assim que estou convencido de que minha ideia é sólida, apresento-a para qualquer outra pessoa envolvida. Às vezes, para que outra pessoa possa adicionar a letra (como em Rollerball). Às vezes, eu mesmo escrevo as letras.

Você leva algo de um projeto para o outro ou se desconecta completamente e permanece focado naquele projeto específico?

Gosto de estar envolvido em apenas um projeto de escrita de cada vez. Prefiro ficar inserido até o álbum terminar. Desafiadoramente tenho hábitos / traços musicais que encontram seu caminho em tudo que faço, bom ou ruim, sou só.

O mercado da música brasileira é totalmente diferente dos demais países da América do Sul, pois, todos ou outros países falam espanhol, portanto, a música brasileira quase não penetra em outros países do continente. Na Europa, como é esse processo?

Tenho muita sorte de vir de um país de língua inglesa. A Austrália tem uma reputação muito boa e pessoas de todo o mundo estão abertas para ouvir as bandas australianas. Nunca estive em uma banda que canta em outro idioma. Uma das razões pelas quais tenho projetos instrumentais semelhantes é quebrar a barreira da língua.

Voltando à pandemia, como estão seus projetos musicais no momento, você está compondo, ensaiando?

Estava realmente ansioso para viajar para a Suécia em abril, para começar a trabalhar em um projeto com um cantor que realmente admiro, Dan Dark, do clássico Metall Band Torch. Isso foi colocado em espera por enquanto. Estou apenas escrevendo músicas para o novo álbum Poor Little Things. O fato de eu morar com a cantora é muito útil na época do Corona.

O que você pensa sobre o futuro da música após a pandemia?

Realmente espero que tudo volte completamente à normalidade. Já investi dinheiro em ingressos de festivais do ano que vem. Vamos manter nossos dedos cruzados. Não sou um fã de pessoas fazendo apresentações na internet.

Você acredita que as lives tão comuns hoje continuarão no futuro? Talvez como um modelo híbrido, com venda de ingressos para o público e a internet?

As pessoas precisam apoiar a música ao vivo, agora mais do que nunca. Use-a ou perca-a! Talvez essa pausa dê início a uma cena maior. Os governos permitirão que as pessoas se reúnam? Espero que sim, mas nada me surpreende…

Dave, muito obrigado e por favor diga aos brasileiros como podemos entrar em contato?

A melhor maneira de explorar meus vários projetos é no Bandcamp. Obrigado pelo seu tempo Ivan, tudo de bom a todos os fãs do rock brasileiro. Espero poder tocar ai um dia!

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